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A mostrar mensagens de fevereiro, 2016

Por que não vai resultar?

O problema deste orçamento e em geral da política económica e financeira do governo é e expectativa. É por causa das expectativas que tudo vai acabar por falhar. Não é uma questão de Centeno ser de Harvard e fazer boas ou más contas, nem uma questão de Costa ser um bom negociador (até é). As pessoas quando recebem mais dinheiro ( e admitindo que com este orçamento vão receber, o que aliás é muito duvidoso face ao aumento dos impostos indirectos ) só o gastam se acharem que não vão precisar dele no futuro. Para isso acontecer têm que ter uma expectativa positiva do clima envolvente. Ora com a guerra surda que Bruxelas faz a Portugal, os sucessivos avisos que por aí vão, o que é que as pessoas vão pensar. "Estes dão agora um bocadinho, mas daqui a nada vão retirá-lo, portanto, o melhor é deixar algum debaixo do colchão". E possivelmente nem vão gastar mais.  E quanto ao Investimento? É evidente que as empresas necessitam de um clima social favorável para investir, sentir q

Eleições

O PS, partido que definitivamente só medra colado ao poder do Estado e dele dependente, precisa de legitimar o golpe de Estado parlamentar que lhe permitiu formar o actual governo e desembaraçar-se das muletas em que se transformaram o BE e o PCP. Precisa de eleições legislativas antecipadas. O BE, uma espécie de protótipo do PS, já percebeu (até por ser essa sua origem social e cultural) que precisa de estar colado ao poder e que só cresce se conseguir mostrar que as veleidades revolucionárias dos seus “pais fundadores” (o trotskismo e o estalinismo) se apaziguam com o poder e todas as suas mordomias. Precisa de eleições legislativas antecipadas, se conseguir uma frente eleitoral com o PS. O PCP não precisa de eleições legislativas antecipadas… a não ser que consiga chamar a si a autoria da chuva de intenções populares com que é penteado o Orçamento de Estado para 2016 e mostrar à população, em geral, que, satisfeitos os seus clientes específicos, não há greves nos transportes pú

Umas coisinhas básicas

Marcelo recebe com cobertura mediática o primeiro-ministro, ministros e demais pessoas importantes. Costa ataca frontalmente o Governador do Banco de Portugal e coloca as TVs (pelo menos a TVI) a tirar o escalpe ao homem. Marcelo faz bem em estudar e preparar-se, mas talvez fosse melhor fazê-lo com completa discrição. Cavaco Silva, bom ou mau presidente, ainda o é, e fica bastante mal em termos de decoro democrático. Se o frenesim de Marcelo é apenas uma questão de decoro, Costa com o ataque ao Governador do Banco Portugal assemelha-se aos semi-ditadores deste mundo fora que atacam os Governadores dos Bancos Centrais por razões políticas. Não percebe que está a enfraquecer a instituição, que tantos problemas teve no enfrentamento com o BES e Ricardo Salgado. Aqui há já perigo e não é uma questão de decoro. É uma questão de um Governo estar a tentar submeter uma instituição independente. Atenção: Perigo,Sócrates à vista! Temístocles Menor

Coreia do Norte “soft porn”

“Ora, aí está um desafio para comentadores e jornalistas que pretendam ser isentos: se querem usar o termo ‘geringonça’ para se referirem aos acordos de esquerda arranjem também um para os partidos de direita. Ou talvez fosse mais adequado guardarem as graçolas para os humoristas.” Esta frase, recente de dias, é de Estrela Serrano no seu blogue Vai e Vem. A autora desta recomendação doutoral foi assessora de Mário Soares e é dada no Twitter como “professora, investigadora de média, jornalismo, comunicação institucional, comunicação política”, sem a parte da assessoria.  Talvez não seja necessário ir mais longe e procurar outros exemplos (que os há, por aí, embora de ascendência menos ilustre) da tendência que está a generalizar-se de começar a condicionar os jornalistas nas suas apreciações do governo da tríade PS-BE-PCP.  A questão, neste caso, foi a da “geringonça”, designação aplicada por Vasco Pulido Valente ao actual governo e depois popularizada por Paulo Portas. A palavra

Scalia: Homenagem na sua morte

Desde 1986, quando Scalia foi nomeado pelo Presidente Reagan para o Supremo Tribunal americano que acompanho com interesse as suas decisões. Scalia é um juiz importante, não por ser conservador ou gostar de caça, mas pelo seu conceito de interpretação e aplicação do direito. Este juiz defendia o chamado "textualismo". Isto quer dizer que a função dos juízes não era inventar, interpretar extensivamente as leis, mas aplicar o que elas dizem de acordo com a sua letra. Esta doutrina é fundamental, pois afasta o juiz das acusações de politização, arbítrio ou despotismo. E mais fundamental ainda em Portugal em que a classe de magistrado tem uma tendência insustentável para procurar o "espírito" da lei, deixando muitas vezes para trás a sua letra, decidindo por vezes "contra legem". Num momento em que socialmente se duvida da capacidade dos juízes portugueses em serem árbitros independentes e imparciais das contendas, era bom um estudo sério das posições de

Portugal: Os Direitos Humanos em declínio acelerado

Parecia, após o 25 de Abril de 1974, que os direitos humanos eram algo de adquirido e definitivo em Portugal. Aliás, a Constituição de 1976 é generosa na sua promoção e garantia. No entanto, paulatinamente de início, e agora de uma forma acelerada, os direitos humanos e as suas garantias estão-se a degradar aceleradamente em Portugal. E o mais espantoso é que ninguém parece reparar. Vejamos alguns exemplos: Portugal é o segundo país da Europa Ocidental com a maior taxa de população prisional, só abaixo do Reino Unido (Institute for Criminal Policy Research,B.C.,U.L). Tal só demonstra que o direito fundamental à liberdade está em degradação, uma vez que simultaneamente o país tem baixos índices de criminalidade, e que estão a descer (RSI-2014). Ora se os prisioneiros aumentam, se as prisões estão mais cheias, enquanto a criminalidade é mais baixa que noutros países da Europa Ocidental, tal só quer dizer que a liberdade está a ser maltratada em Portugal. Com referência a 2013, o

Politique d'abord

Ao contrário do que se possa pensar a actual difícil situação portuguesa não é de cariz económico, na sua essência. É uma questão de política e como tal deve ser encarada. Há dois factores que condicionam Portugal, (a)a pertença ao Euro e (b)o sobrepeso do Estado (usando a feliz expressão de Miguel Cadilhe). (a)A pertença ao Euro submete Portugal aos ditames alemães que impõem uma política financeira restritiva, um orçamento equilibrado. Os alemães sempre que acham que um país pode sair dessa trajectória não hesitam em o colocar no lugar, qualquer que seja a legitimidade política em que a decisão do país assente. Na visão alemã, não há espaço para alternativas às regras do jogo do Euro. Quem quer alternativas deve sair. Podemos não concordar com a perspectiva alemã, podemos achar que ela não dá frutos ou é arbitrária (como explicou Mariana Mortágua num artigo no Público recentemente a propósito do conceito de défice estrutural), mas a realidade é que o Euro tem regras e essas são

A competitividade portuguesa

Há uns tempos, os grandes palavrões usados para definir os objectivos da economia portuguesa eram competitividade e produtividade. Estranhamente, deixaram de se ouvir, e agora anda tudo à volta da austeridade e dos funcionários públicos. Mas a realidade é que nem a austeridade, nem os funcionários públicos contribuem para a economia, de forma significativa. E a pergunta tem que ser colocada: como tornar a economia portuguesa competitiva e os seus factores de produção mais produtivos? Este é, e foi sempre, o ponto-chave. O problema é que andamos para trás e para trás. E aí a culpa não é só dos governos. Há imposições da União Europeia que apenas contribuem para fragilizar  a economia portuguesa. A primeira marca de falta de competitividade é a pertença ao Euro. O Euro tornou o país menos competitivo. Esse é um facto. Mais dia, menos dia, será encarado. Mas vejamos o orçamento deste ano: Com os novos aumentos de impostos o clima fiscal para o investimento levou uma grande "

Os meus cães fariam melhor

Um dos meus cães compreende perfeitamente o que significa “comer” (conforto e barriga cheia). O outro compreende na perfeição o que significa “cama” (ficar quieto e dormir).  Se eu lhes mostrasse uma imagem de um frango, por exemplo, animal que entra na composição das rações que comem, não perceberiam a relação. Se eu mostrasse ao segundo a imagem de uma cama (de cão ou de pessoa), a impressão seria a mesma. Mas ambos comem e dormem bem. Há, nisto, uma identificação entre o ser vivo e o mundo real. Os dois cães sabem o que significa, para eles e para mim, duas palavras que fazem parte do seu ambiente e da sua vida. Não sabem mais do que isso, claro. E talvez nem lhes interesse. Também não precisam. O primeiro-ministro António Costa e o ministro das Finanças Mário Centeno não se revelam muito diferentes. “Não têm pão, comam brioches” O primeiro, para sustentar o aumento do imposto sobre o preço dos combustíveis foi ao mais rasteirinho: “usem mais transportes públicos”.

Brincar à esquerda?

Não duvido que este é um tempo em que a maioria das pessoas se sente tentada a ser de esquerda.  As desigualdades aumentam enquanto os ricos estão mais ricos e arrotam a sua riqueza despudoradamente, os bancos e a finança parecem dirigidos por aldrabões encartados, os governos PSD-CDS (ditos de direita) seguiram umas políticas de submissão ao estrangeiro, que aparentemente poucos dos nossos problemas resolveram. E também é mais bonito deixar os gays casarem-se, adoptarem crianças, haver aborto livre, eutanásia e outras causas mais ou menos alegres supostamente de esquerda. De um modo geral, a esquerda parece ser mais generosa e solidária. E sobretudo em Portugal a direita está demasiado ligado aos negócios, ser de direita é fazer uns negócios mais ou menos aldrabados. Fora isso, existe uma pequeníssima franja patusca de direitistas monárquicos e católicos que fazem algum barulho, mas não devem ser mais de 1000 em todo o país. Marcelo Rebelo de Sousa ganhou as presidenciais com um

A bússola avariada

Andou este fim-de-semana nas TVs e afins mais uma operação policial, crismada agora como Rota do Atlântico.Aparentemente, umas pessoas teriam corrompido o Presidente do Congo (Brazzaville) Nguesso, pago umas comissões, feito uns negócios, etc.  Desconheço por inteiro o assunto e não me pronuncio sobre o mesmo, embora, à partida desconfie destas operações policiais passadas frente aos ecrãs das TVs em que milhões chovem. Geralmente, nunca é bem assim. Mas adiante... O que ressalta nesta história é a avaria da bússola do MP. Dirigiram-se a África, e em vez de ir directamente a Angola, resolveram fazer uma paragem uns quilómetros acima... Se há país em que se tem que pagar aos dirigentes para fazer negócios,em que as notas vêm de jacto para Tires direitinhas para os bancos portugueses, em que está instalado um esquema global de corrupção e de branqueamento de capitais que tem o seu epicentro em Portugal, esse país é Angola. Se Portugal quer efectivamente combater a corrupção intern

Gozo puro

Face ao desvario que foram estas semanas sobre o Orçamento, com a Comissão Europeia, inefavelmente, a fazer lobby mediático contra Portugal, e o governo português, a fingir que não se passava nada, a melhor atitude era a do silêncio para se perceber até onde ia a fantochada orçamental. Ontem ou hoje, aparentemente, a tempo de ser inserida nos festejos carnavalescos, terminou a farsa, e temos um orçamento. Um orçamento, e vamos dizer com todas letras, austeritário, assente em pressupostos neo-liberais ao nível da tributação- ao incidir a taxação sobre os combustíveis, álcool, tabaco, carros em segunda mão, não distingue pobres de ricos, não faz qualquer progressividade, em certos termos será regressivo, prejudica os mais pobres-, e que não adianta absolutamente nada para ninguém, a não ser para alguns felizardos protegidos pelos sindicatos comunistas. É fantástico como em troca de umas prebendas, os comunistas se dispõem a aprovar um orçamento de austeridade e neo-liberal, com mais

Os indignados andam envergonhados?

O imposto sobre os produtos petrolíferos vai aumentar e os combustíveis que usamos em tudo vão aumentar de preço. Diretamente vamos senti-lo ao abastecermos os nossos veículos, indiretamente vamos senti-lo nos preços de todos os produtos que são transportados por estrada, alimentares ou não alimentares. Na função pública o horário de trabalho semanal vai passar para 35 horas e no sector privado… salve-se quem puder. Os trabalhadores da função pública, que até já têm um sistema de saúde próprio que é melhor do que aquele que serve a restante população, vão poder reformar-se mais cedo. Os do sector privado que se aguentem. O IVA da restauração vai diminuir em 10 por cento. As refeições servidas ao público não vão baixar de preço. A baixa deste IVA é, na prática, uma “borla” dada ao empresariado do sector em que o Estado vai perder milhões de euros. Os tradutores, o vinho português servido à mesa dos restaurantes, a edição em DVD de cinema de qualidade e de cinema português, os veter