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A mostrar mensagens de dezembro, 2015

A democracia em Portugal

A estupefacção apoderou-se de muitos portugueses quando ouviram Passos Coelho, depois de meses a esbracejar contra o governo ilegítimo de Costa, na grande oportunidade que o teve em confrontar...deitar-lhe a mão em nome do interesse nacional...Dizia Samuel Johnson que o patriotismo era o último refúgio de um canalha. Não se vai tão longe e chamar ao antigo primeiro-ministro tal. Pelo contrário, até parece um homem decente. Mas fica a sensação amarga que em Portugal a democracia é de faz-de- conta e não há oposição a sério. No Banif claramente houve interesses opacos ( que um dia virão ao de cima) que obrigaram PPC a contemporizar com Costa.  Uma democracia precisa de ter eleições, oposição e dissidência, e um poder judicial independente. A democracia portuguesa tem eleições, mas está condicionada. Condicionada desde logo pela União Europa. O primeiro- ministro português tornou-se um mero gestor de território. Depois há aqueles factos estranhos como o BPN, BES e Banif em que tudo é e

A mansidão dos portugueses

O Banif é o quarto Banco a falir em Portugal nos últimos anos. Se no primeiro caos (BPN) haveria desculpas objectivas para a trapalhice que o Estado fez. À quarta vez não existe qualquer justificação. Esta situação do Banif não é financeira, é política e de incompetência política. Demonstra um país corrupto, nas mãos de uma oligarquia preguiçosa, indolente e perniciosa que tem que ser afastada. No passado, quer em 1820, no Ultimato, em 1910, em 1917, em 1926, em 1974, os portugueses foram bravos e revoltaram-se, protestaram. Agora, os oligarcas nacionais fazem deles " gato-sapato" e limitam-se a protestar fininho. Os Bancos só vão à falência por duas razões: porque emprestaram sem garantias e não lhes pagam ou porque investiram especulativamente e perderam o dinheiro. Em definitivo tem que se perceber o que se passa. São os donos do Banco que ficam com o dinheiro? Duvido, à partida não há interesse em destruir o que é seu. São grandes devedores que não pagam? Pode ser. F

José Alberto Carvalho e Sócrates .A Agonia.

A maratona mimética de Fidel Castro a que se dedicou Sócrates por estes dias, tem duas vítimas: a verdade e José Alberto Carvalho. Quanto à verdade, Sócrates que se entenda com Kant, que se esqueceu de citar. Quanto a José Alberto Carvalho não se percebe como um jornalista prestigiado e inteligente ficou mudo, petrificado, perante tal torrente discursiva. Mas uma coisa é certa se queria imitar David Frost e as suas conversas com Richard Nixon falhou redondamente. Sócrates não se desculpou, não se descaiu, não se confessou. Fez de Carvalho um papalvo. Esta entrevista definirá Carvalho como um mau jornalista. No mínimo impreparado, no máximo subserviente. Como é possível? Resta saber se foi apenas um mau momento que todos temos, ou uma definição de uma política subserviente da TVI-subserviente a Sócrates e a Angola. Rui Verde

Sócrates e os advogados

Ontem Sócrates falou, hoje Sócrates vai falar. Felizes seríamos se todos os arguidos  tivessem o mesmo tempo de antena. Mas Sócrates já o disse, ele é diferente por ter sido primeiro-ministro. Ainda não percebi porquê, excepto no acesso privilegiado aos meios de comunicação para sua defesa. Todos os outros arguidos nos outros processos mediáticos foram cilindrados na comunicação social sem possibilidade de defesa. Sócrates é o primeiro que se consegue defender. Aí reside a diferença, para bem dele, deste processo. De resto, em mais nada. Entretanto, Sócrates lançou gordos pedaços de bacon aos advogados que entraram em orgasmos socráticos nas televisões a propósito das aberrações do processo penal. Mas distingamos. O processo penal português como tem sido aplicado nos últimos anos (ou talvez sempre) é aberrante, injusto, não garante uma efectiva defesa. Isso já sabemos e muitos o combatem. Mas tal é diferente de partir para a conclusão de por o processo penal português ser uma monstr

À borla (2)

Quando as propinas do ensino superior custavam 1200 escudos por ano (5,99€), a bandeira da “qualidade de ensino” não ia além das campanhas eleitorais das associações de estudantes. Mas quando o preço único das propinas passou para os 52 mil escudos (259.37€), os estudantes começaram a reivindicar a “qualidade de ensino”. À borla, o ensino podia ser mau. Mas pago é que já não. Há algum tempo perguntei a uma pessoa convictamente de esquerda, militante do PCP e leitora evangélica do “Avante!”, que sempre se queixa das taxas moderadoras e cujos rendimentos não são muitos baixos, se estaria disposta a pagar taxas moderadoras mais elevadas, para ajudar a melhorar o SNS e servir melhor os que não têm dinheiro para frequentar consultas e outros serviços no sector privado (que essa pessoa pode fazer). Disse-me que não. O governo anterior não quis, ou faltou-lhe a coragem para tanto, mexer nas taxas moderadoras e alterar a sua fundamentação (o que até se poderia compreender porque seria mai

À borla (1)

O pai de um amigo meu esteve há pouco tempo internado num hospital público durante mais de duas semanas e grande parte desse tempo foi passado numa maca num corredor. Morreu no hospital. Um amigo meu esteve dez dias internado num hospital público e também passou algum tempo numa maca num corredor. A condição clínica era grave. Uma pneumonia contraída no hospital matou-o. Estes dois hospitais, em zonas de grande densidade populacional dos subúrbios de Lisboa, fazem parte do Sistema Nacional de Saúde e o custo da sua frequência por cada doente dificilmente corresponderá ao valor gasto no tratamento de cada doente em matéria de salários do pessoal envolvido, medicamentos, exames, equipamentos adequados e a funcionar e energia eléctrica. E, já agora, em instalações para acolhimento condigno dos doentes. (E, quanto a salários, também, todos se queixam e, a acreditar nos sindicatos, na imprensa e no Facebook, os enfermeiros já emigraram todos.) O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é defe

Stop and Go? Not the solution. O Estado Habilitador é.

Esteve Sócrates e gastou, a economia não cresceu. Veio Passos e cortou a economia não cresceu. Chega Costa e gasta, a economia não vai crescer, além talvez de uns blips. Há dois problemas na economia portuguesa que têm que ser encarados de frente. Um é o euro, que cria uma camisa de forças à actividade económica. Só se a economia portuguesa tivesse produtos diferenciados e de qualidade poderia superar o estrangulamento do Euro. Aliás, pode ser que chegue aí, mas só depois de um longo processo de "destruição criativa", que pode ter custos sociais inimagináveis. A outra forma de crescer é recuperando a flexibilidade cambiária, para amortecer as crises e tornar as exportações competitivas, mesmo de produtos indiferenciados, e as importações mais difíceis. Só existe possibilidade para a economia com a saída do Euro e algum proteccionismo. Sim, é o contrário do que toda a gente diz, mas a verdade não se obtém por maioria, mas por verificação dos factos. Outro aspecto fundamen

Anda um espectro à solta... pelas escolas

Anda um espectro pela Europa — o espectro do Comunismo. Todos os poderes da velha Europa se aliaram para uma santa caçada a este espectro…  Não, não era isto. Não era Marx e Engels que eu queria citar. É mais isto: anda um espectro à solta pelas escolas portuguesas.  E será um pedófilo impenitente? Um predador sexual incansável? Uma vaga nunca antes vista de “bullying”? Um “serial killer” de crianças? Professores seguidores do Dr. Nogueira em êxtase pró-governativo? Não, leitor. O espectro são os exames. Os do 4.º ano de escolaridade, que aterrorizavam as criancinhas de 9 e 10 anos, já foram à vida. A seguir devem ir os outros. E, já agora, os TPC. E talvez também os exames na faculdade. E como já tivemos um primeiro-ministro que obteve o seu curso universitário num domingo, e por fax, também podemos ter as crianças a receberem o seu diploma universitário à nascença. Com a primeira fralda, já agora. Catarina Martins (que o “Expresso” diz ser tratada, nesta sua animada fase p