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A mostrar mensagens de setembro, 2015

O polifascismo e a necessidade da revolução anárquica

Rui Verde Há um espectro que desce ameaçador, indistinto, mas sugador sobre os cidadãos dos países desenvolvidos.  Esse espectro retira a liberdade, oprime o indivíduo, deixa-o sem defesas. Em última análise termina com a personalidade, a pessoa, o homem. Há falta de melhor nome chamemos-lhe Polifascismo. Tal como o fascismo tem tendências totalitárias, quer a submissão do cidadão, verga-o. A única diferença é que agora não é o fascismo de um estado, mas de várias organizações, entre as quais o estado. Há várias organizações fascistas, lideradas por tiranetes, por kleine Führers que esmagam o cidadão. Esses kleine Führers constituem aquilo a que o historiador Rui Ramos chama a Oligarquia e domina os países ditos desenvolvidos. Vejamos vários exemplos do Polifascismo. O estado deixou de ter um código de processo penal e passou a ter um código de processo inquisitório em que o arguido é esticado e espremido até à exaustão. Um instrumento fascista. O estado deixou de ter

Eu era mais uma torradeira

António Costa reuniu-se com “a cultura” e já nem prometeu um “Ministério da Cultura” mas um “Governo da Cultura”. E prometeu mais o quê? Não se sabe.  Mas, a avaliar pelas caras de fome de muitos membros da “cultura” à volta da mesa, deve ter prometido mais alguma coisa do que o almoço. Que nem se sabe se foi grátis, embora conste que não os há grátis. A “cultura” que foi empolgar Costa não fez dançar, infelizmente, que é uma das imagens mais marcantes desta campanha. Mas seria interessante saber quem é que lá estava.  Por duas razões: parte da “cultura” portuguesa vive do Estado (dos subsídios para o cinema “de arte e ensaio” aos concertos pelas câmaras municipais) e tem andado a viver pior nos últimos anos, como o mostrou o episódio do cantor que emigrou para o Brasil porque as câmaras andavam a comprar-lhe menos concertos; e Costa tem andado a prometer tudo... e um par de botas. Aos professores prometeu o fim da prova de acesso à carreira (que não toca a todos e que reduz a

A prova indesmentível do tratamento de favor que tem Costa na imprensa

Há dois quadros que a edição deste sábado do “Expresso” publica na sua página 26 que deviam pôr os jornalistas a corar de vergonha e, se por acaso a tivessem, a fazer um acto de contricção. São quatro quadros que se referem, dois, à comunicação social e, os outros dois, às redes sociais Facebook e Twitter e que medem o “impacto mediático” de dirigentes partidários e de partidos em cada um desses meios. O período abrangido é significativo: vai de 15 a 24 de Setembro deste ano, apanhando já a fase mais renhida da disputa pela vitória nas eleições do próximo domingo. A fonte é uma empresa de relações públicas e comunicação, a Cision. Deixando de lado o Facebook e o Twitter (onde escreve, lê e frequenta quem quer) e ficando-nos apenas pela comunicação social, estes quadros mostram que: 1 – António Costa ganha em “impacto mediático” contra Pedro Passos Coelho por 36,45 por cento contra 27,7 por cento; 2 – O PS ganha em “impacto mediático” à coligação Portugal à Frente (PSD/CDS) p

Nicolau e a insustentável leveza da ignorância-caviar

Nicolau Santos, o director- adjunto do Expresso, que representa a esquerda-caviar e esperava em breve voltar em breve ao champanhe e caviar da era socrática, espelha no seu texto de hoje (28-09-2015) no Expresso Curto o desespero e estupefacção que se apoderou dos bem- pensantes que acompanharam alegremente Sócrates na destruição do país. Escreve o ilustre jornalista com indignação “E ninguém debate os últimos quatro anos, os 485 mil emigrantes que vão de engenheiros, economistas e médicos a investigadores, enfermeiros e bombeiros”. Esquece-se que a mobilidade do trabalho é uma das condições estruturais duma zona monetária como é o Euro. Portanto, o normal é quando um país está em crise, as pessoas emigem para um com melhores condições, dentro da mesma zona monetária (Euro). Se não queria emigração, não aderia ao Euro… Acrescenta o ilustre jornalista ainda mais indignado “os cortes nos salários da Função Pública e nas pensões dos reformados, a desmotivação completa dos funcionário

Uma questão de estabilidade

Quando, em 2010, o então ministro das Finanças de José Sócrates, Teixeira dos Santos, começou a anunciar as políticas de austeridade (sim, o PS teve-as) com o corte dos salários na função pública, não se venderam livros durante vários dias. Foi o que me disse, na altura, um editor, ele também incrédulo com o anúncio dessa austeridade depois de, um ano antes, o governo do PS ter diminuído a taxa máxima do IVA e aumentado os salários da função pública. Afinal havia crise e não era pequena. E em Abril de 2011, quando o governo do PS (sim, que foi ele) chamou a Troika, o que já se perfilava era mais austeridade depois do que parecia ser um ciclo dourado de muitas obras públicas (sempre um brinde para uma parte significativa do universo empresarial nacional) e de grandes projectos mas que afinal era uma descida bem inclinada para a bancarrota.  A economia sofreu os efeitos de um duche gelado e, com a contracção do mercado interno, muitas empresas voltaram-se para as exportações. O tu

Défice de honestidade

Justifica-se citar aqui o insuspeito “Público” e a nota “Nem tanto ao défice nem tanto à dívida” (da sua direcção editorial, de 23.09.15).  O “Público”, onde tem sido notório o alinhamento editorial pelo PS, escreve, a propósito do aumento (estatístico) do défice por causa do Novo Banco: “As regras de contabilidade exigiam que o dinheiro injectado pelo Fundo de Resolução no Novo Banco fosse contabilizado para efeitos do défice e da dívida, caso a venda não fosse concretizada no período de um ano. Como tal, o défice do ano passado, altura em que se deu a injecção de capital, aumentou de 4,5% para 7,2%. (...) Tal como explicou Pedro Passos Coelho, estamos a falar de uma operação contabilística que não exige um esforço adicional aos portugueses para equilibrar as contas públicas e que em nada compromete as metas para este ano.” Ou seja: não serão necessárias medidas excepcionais como aumento de impostos, cortes nas despesas do Estado, etc. O défice de 2014 está definido e o caso do N

As patas na poça

Podemos, em termos práticos, dizer que temos dois défices das contas públicas: o que resulta do desequilíbrio entre as receitas e as despesas do Estado (que obriga a medidas extraordinárias de aumento de receitas, como os impostos) e o que é simplesmente estatístico, ou contabilístico, e resulta de uma despesa extraordinária que fica apenas contabilizada. No primeiro, estamos bem quanto a 2014; no segundo, como o Novo Banco não foi vendido, o Estado não recuperou ainda o que emprestou. Este problema ocupou ontem grande parte da campanha eleitoral. A coligação governamental defendeu-se, o conjunto das oposições tratou do assunto como se este défice contabilístico fosse o défice normal e resultado das políticas do governo que combate. E o que nos diz a imprensa hoje, quinta-feira, de manhã? Que há esse défice contabilístico e que o tema agitou a campanha. Ou seja: até a imprensa, apesar das bolsas "costistas" que continuam a existir, percebeu qual era o verdadeiro proble

Trafulhice expressa

O "Expresso", assinando mas invocando a agência Lusa, debruça-se sobre os défices de 2015 e de 2014 e cai no caldeirão da trafulhice. Veja-se só: "Para o défice deste ano, o INE limita-se a apresentar a estimativa do governo de 2,7% que tem sido, por diversas vezes, questionada por diversas entidades." O INE só dá jeito quando os seus números deixam mal o Governo. Quando não é o caso, passa a pouco importante ("limita-se a") e o que conta são "diversas entidades", que nunca são nomeadas! Costa Cardoso 

Andamos todos bêbedos?

A manchete estatística do "Jornal de Notícias": "Mais de 700 condutores apanhados todos os dias com álcool em excesso". Ou seja (estatisticamente): por ano são "apanhados" 255 500. Andamos todos bêbedos, pelos vistos. A começar por quem, no "Jornal de Notícias", faz este tipo de estatísticas idiotas. Costa Cardoso

O descaramento do "Público"

A manchete do "Público" de hoje: "Coligação de direita acima de 40% mas ainda com empate técnico". Repare-se: 1 - Não é "Portugal à Frente" (a designação oficial) nem "PSD/CDS" (a coligação só junta estes dois partidos), mas sim "coligação de direita", a exacta expressão que o PS utiliza; 2 - "ainda com empate técnico", como quem diz: "que chatice, nunca mais começam a descer". O "Público" tem andado em campanha pelo PS (contemplando também o PCP e o BE) de uma forma descarada. A sua direcção tem o direito de alinhar o jornal com um dos partidos concorrentes às eleições de Outubro mas deveria ter a honestidade de o afirmar com a mesma clareza com que escolhe títulos e favorece articulistas. Já lá vai o tempo dos falsos pudores políticos e ninguém leva a mal que um jornal o faça. É, repete-se, uma questão de honestidade. Costa Cardoso

E os outros?

Quem são eles? Refugiados, o que faz supor que não têm nada de seu e que fogem de qualquer ameaça mortal. Migrantes, o que faz supor que querem deslocar-se apenas de um ponto para outro.. Quando aparecem diante das câmaras de televisão dos jornalistas sempre comovidos, dizem que querem ir para a Alemanha. É considerado o país forte, económica e politicamente, da União Europeia. Há outros países do Norte da Europa que são também citados. Mas não há quem queira os países do ex-“socialismo real”, ou Espanha ou Portugal e pela Grécia (então a empobrecida Grécia...) já terão passado e não quiseram ficar. Quando falam para as câmaras, o inglês é muito razoável. Não trazem os andrajos dos refugiados que não arranjam o dinheiro necessário para pagar aos traficantes de pessoas que os trazem para a Europa.  E não têm a atitude de quem vem submisso. Reivindicam, exigem, atacam os polícias que não os querem deixar passar fronteiras. Não têm a atitude dos que já desistiram de procurar melhor

Refugiados em casa de Guterres?

Acredito por formação e convicção que devemos abrir as portas a quem precisa.  Acredito que as migrações fazem parte da história da humanidade. Umas tiveram aspectos positivos em geral ( a migração romana para a Península ou a Árabe) outras trouxeram destruição (Vândalos), mas vivificam e criam uma dialética histórica interessante.  Estou mesmo disponível para receber refugiados em casa. No entanto, quando vejo alminhas a perorar na comunicação social acerca do nosso dever em receber refugiados, querendo-nos dar lições de moral fico revoltado.  António Guterres, aquele beato feliz que abandonou o país no pântano, que apadrinhou aquelas figuras de relevo chamadas Sócrates e Vara, que deixou o país deslizar para o endividamento suicida, vem-nos falar do seu palanque anafado de burocrata internacional dos deveres humanitários. Não precisamos das lições de Guterres. Se ele quer ajudar, comece por receber refugiados em sua casa e dê o exemplo. O mesmo se diga do discurso de i

"Polícia prende 17 520 suspeitos por ano"

Eis um título lógico, quando se olha para um título, como o "i" de hoje na sua primeira página, em que se afirma que "Polícia prende 2 suspeitos por hora" no que é enigmaticamente definido por "crimes de Verão". A maioria dos jornalistas tem problemas com a matemática (e os que não têm são economistas falhados que não sabem escrever...) mas isto, a manipulação das estatísticas, podendo parecer uma coisa lógica, gera também um conflito com a lógica e com a inteligência: 2 suspeitos por hora são 48 por dia, 336 por semana, 1440 por mês e  17520 por ano. E em 3 anos teremos 52 560 suspeitos presos, já agora. Será isto, ó camaradas do "i"? Costa Cardoso

Passos Coelho vs. António Costa. Parte 2: o PS consegue voltar a ser governo?

No primeiro debate com Pedro Passos Coelho, António Costa destacou-se pela sua agressividade e por ter um discurso radicalista, mais próximo na forma do discurso da extrema-esquerda e não voltado para o eleitorado que, a centro, vota no PSD ou no PS. Estava ao ataque. Hoje, no segundo debate, Costa quis voltar a fazer o que já fizera no debate televisivo de 9 de Setembro. E fez: também não se aproximou do centro e, falhando como falhou numa questão tão importante como a da segurança social, não se mostrou muito preparado para o que quer – primeiro-ministro. Neste segundo debate houve dois outros elementos fundamentais: a experiência parlamentar de Pedro Passos Coelho e a ausência de imagem.  Passos Coelho quis, há uma semana, ter apenas pose de primeiro-ministro perante um opositor que sempre tivera uma má presença televisiva. Menosprezou-o, e decerto que muito convictamente. Mas Costa apanhou-o desprevenido. Guerrilheiro, o secretário-geral do PS somou alguns momentos que lhe t

Os sindicatos, os “lesados do papel comercial” e os milionários ocultos

Qual é a força dos “lesados do papel comercial” do BES/GES? As câmaras de televisão. Qual é a força dos sindicatos? As câmaras de televisão. E o que é que têm mais em comum? A ignorância generalizada do que realmente são e representam. É estranho que nunca tenha havido na imprensa portuguesa uma reportagem e/ou uma investigação jornalística sobre os sindicatos portugueses.  Não se sabe quantos associados têm, quais são as suas receitas e os seus prejuízos, que activos têm, se possuem propriedades imobiliárias, veículos, se investem o seu dinheiro ou não.  Sabe-se, porque se vê, que arranjam sempre dezenas de autocarros para as suas manifestações e suspeita-se de que conseguem financiar grevistas (nem todos: nos transportes públicos sim, mas não os professores). A opacidade sindical O resto é um mundo de estranha opacidade, que desafia mesmo a mais natural das curiosidades: os sindicatos têm hoje menos associados ou mais associados do que, por exemplo, há vinte anos? Ou:

Carlos Alexandre: Hagiografia ou assassinato de carácter?

Rui Verde A revista Visão de 10 Setembro de 2015 trazia uma ampla reportagem sobre o juiz Carlos Alexandre (p.32 e ss.). Na sua superfície era uma hagiografia, que preparava o terreno para o lançamento deste juiz na vida política. Alexandre é descrito como o homem modesto, o sacerdote da justiça, com desprezo das coisas terrenas, que corta a direito e enfrenta os poderosos. Não existe pedigree melhor para o lançamento na política, neste tempo em que a visão que existe acerca dos políticos oscila entre serem corruptos ou mentirosos, ou ambas as coisas. Não é negativo pensar numa carreira política para Alexandre, é razoavelmente novo, criou um nome e uma fama, mas atrasou-se na carreira judicial. Os seus colegas de curso há muito tempo já estão na Relação, quando não no Supremo. Portanto, será lógico que depois do desgaste no chamado Ticão, desemboque directamente na política como fez Di Pietro em Itália ou tentou fazer Gárzon em Espanha, ou Jolly em França. E nessa medida o artig

Um debate enganador

A certa altura do debate (Pedro Passos Coelho – António Costa, televisões, 9 de Setembro), o jornalista João Adelino Faria (que no extinto semanário “O Jornal”, por onde começou, demonstrou ter mais “look” do que cérebro) fez ao primeiro-ministro uma pergunta sobre o Serviço Nacional de Saúde em que afirmou: “Saem [de Portugal] enfermeiros todos os dias.” Judite de Sousa insistiu com Passos Coelho para que se pronunciasse sobre os candidatos presidenciais do PSD à luz de uma moção aprovada por este partido que foi entendida como muito crítica para com Marcelo Rebelo de Sousa. Judite de Sousa é amiga íntima de Marcelo Rebelo de Sousa que, logo a abrir e como quem marca terreno, afirmou (na TVI) que António Costa tinha estado “melhor”. A votação (?) on line na TVI sobre quem venceu o debate parecia clara: Costa tinha 69 por cento dos “votos” e Passos Coelho 31 por cento. Cada pessoa só poderia votar uma vez. Mas cada votante que escondesse a sua origem (o Windows tem a Navegação InP

Costa ganhou? Sócrates nunca mais.

Há uma unanimidade geral afirmando que Costa ganhou o debate. Não vou destoar. Costa esteve mais à vontade, fez uns números de circo bem feitos com uns gráficos e papelinhos e desmontou a colagem a Sócrates. Passos Coelho não soube explicar o cerne da política do governo. O grande problema não era (é) a dívida, o grande problema era o encerramento dos mercados financeiros ao Estado português que nos deixou sem dinheiro...e esse problema foi resolvido (pelo menos por uns tempos).  Foi estranho que Passos Coelho não soubesse explicar o objectivo essencial do seu governo. Pareceu vazio, sem ideias ou chama.  Acresce que acabou por confundir Keynes com Sócrates, o que talvez seja um elogio exagerado para este último. Quem introduziu as políticas de gestão da procura foi Keynes e não Sócrates, que não inventou nada, só destruiu. Não ficou bem a um licenciado em Economia como é Passos Coelho dizer e insistir numa asneirada destas. Mas enfim... No entanto, do PS o que vem? Nada, apen

Passos Coelho vs. António Costa: o PS quer mesmo disputar o eleitorado da extrema-esquerda?

É certo que se pode dizer que António Costa esteve “melhor” no debate televisivo da RTP, SIC e TVI, sobretudo se se tiver presente o primeiro dos três debates entre o actual e o anterior secretários-gerais do PS, há um ano. Mas esse “melhor” só tem em conta a sua agressividade Sendo o candidato a primeiro-ministro, Costa teria de ser agressivo. Precisava de o ser. E o actual detentor do cargo de primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, pouco mais poderia fazer do que responder e de se defender. Só que a agressividade de Costa escorregou, como não podia deixar de escorregar, para a crítica das políticas passadas. Quando isso aconteceu, Costa deslocou-se e deslocou o PS para a extrema-esquerda. E é do eleitorado da extrema-esquerda que o PS precisa? O que Costa disse podia ter sido dito por Rui Tavares, Jerónimo de Sousa, Catarina Martins, Heloísa Apolónia ou mesmo por uma personificação portuguesa de Alex Tsipras.  Acontece que os eleitores que esse tipo de intervenção pode seduzi

Votar em quem? Não em Sócrates.

Haveria duas razões essenciais para não votar no PSD.  Em primeiro lugar este governo assistiu ao maior ataque aos direitos fundamentais e liberdades dos cidadãos na área da Justiça dos últimos anos. Um governo apelidado como neo- liberal, teve uma forte deriva autoritária. Isto foi muito grave, embora pouco denunciado.  Em segundo lugar, ( ou talvez também em primeiro lugar) este governo deu poder ao Fisco e mudou as leis fiscais de uma forma que tornou o Fisco o inimigo número um do cidadão.  Foi um governo desastroso para as liberdades individuais e deu um passo de gigante para voltar a tornar Portugal um Estado policial.  O problema é que estas medidas não representam uma opção política, mas uma busca pragmática de mais receitas e a rendição à demagogia tablóide e apenas acentua uma tendência que já vinha de governos anteriores, designadamente de Sócrates. Em termos económicos e financeiros, é um facto que a situação trágica de bancarrota do passado foi evitada e a eco

Jornal de campanha

A actual direcção do "Jornal de Notícias" deitou definitivamente fora todo o seu honroso património de rigor e de objectividade para se tornar o jornal de campanha do PS, e do PS de Sócrates. A manchete de hoje (com Sócrates "ao lado do PS e de António Costa") expressa da maneira mais acéfala o resultado das negociações que levaram Mário Soares ao encontro do ex-primeiro-ministro por dois dias seguidos, e que estranhamente ninguém noticia, e na versão "on line" garante com grande destaque que o secretário-geral do PS "está preparado" para o debate com Passos Coelho, notícia que só o seria se Costa dissesse que não estaria preparado. Neste rumo nem será uma surpresa se, em cima das eleições, o "Jornal de Notícias" viesse (com maior ou menor subtileza do que o "Correio da Manhã" o fez com a AD há mais de trinta anos) a apelar ao "vota PS". Costa Cardoso

Como o rei-sol Sócrates põe Costa e o PS de Costa na sombra

José Sócrates (que, não o esqueçamos, não foi libertado mas apenas objecto de uma medida de coação diferente sem deixar de ser arguido e indiciado) sabe bem que será sempre notícia. Mesmo que seja só a aparecer à porta de casa, que parece não ser sua, a receber um bolo de aniversário. E também sabe, na perfeição, que cada notícia sobre ele, sem precisar sequer de falar em público, é menos uma notícia sobre António Costa e o sector do PS que ainda deve querer que Costa ganhe as eleições. Sócrates sabe que favoreceria Costa se ficasse calado e não fosse visto (ou ouvido) até 6 de Outubro. Não é, pelos vistos, o que vai acontecer. Aliás, se é verdade o que o "i" hoje noticia, Sócrates (a) intervirá publicamente até 20 de Setembro (tem 13 dias à sua frente) porque, embora não pareça, só a partir dessa data é que há uma campanha eleitoral formal; (b) comentará o debate Passos Coelho - Costa de quarta-feira e (c) continuará a receber pessoas de alguma relevância pública que, c

Entrevista a Paulo Portas: fadiga

Paulo Portas foi entrevistado pela TVI num formato confuso e folclórico, que só tenta fazer espectáculo, Paulo Portas é inteligente, capaz, fluente.Esteve bem.  Contudo cansou, o seu discurso só trouxe fadiga.Esse é o problema, a Coligação está esgotada e não tem um programa de futuro. Só tem passado. O que diz que assegura a Portugal é um quadro financeiro estável, sem aventuras. O que não é mau. Mas sabe a pouco. Cansa.  A austeridade e o rigor não são objectivos. São pontos de partida. Rui Verde

O jornalismo de causas a entrar na campanha eleitoral

Paulo Portas (goste-se ou não dele, política ou afectivamente) é vice-primeiro-ministro. É, no governo PSD/CDS, quem tutela a área económica. É o n.º 1 do segundo partido da coligação governamental. António Costa, que já foi ministro e presidente de câmara, é candidato a primeiro-ministro e n.º 1 do principal partido da oposição. Recusou-se, no quadro da campanha eleitoral, a fazer um debate televisivo com Paulo Portas. Até pode tê-lo receado, sabendo que dificilmente superaria a intervenção do vice-primeiro-ministro. A recusa (que lhe revela uma debilidade pessoal e um embaraço em termos políticos) foi, como agora se diz, desvalorizada pela imprensa. Pedro Passos Coelho, que é primeiro-ministro e n.º 1 do PSD, recusou-se a ir um programa tido como humorístico e (segundo o "Diário de Notícias") anda pouco disposto a dar entrevistas e só aceitou participar num único debate televisivo, e com António Costa. A notícia, como está feita, é crítica para Passos Coelho. Já todo

A quadrilha

Este texto é de ficção. Num país com planícies amarelas e montes castanhos havia um banqueiro chamado Dr. Insonso, um primeiro-ministro chamado falso Engenheiro Aristóteles, um apparatchik do primeiro-ministro chamado Dr.Pau. Estas três figuras queriam ao mesmo tempo dominar o poder e enriquecer desmesuradamente. O Dr. Insonso recebia dinheiro do empresário Osej, depois dava dinheiro ao falso Engenheiro Aristóteles, que o repartia com o Dr. Pau,o Dr. Pau mandava num banco que dava dinheiro ao Osej e ao Dr. Insonso. Depois o Dr. Insonso recebia outra vez do Osej e dava dinheiro ao Aristóteles que o repartia com o Pau, e depois o Pau dava ao Osej e ao Insonso, e o Osej dava parte ao Insonso que transferia outra parte para o Aristóteles que por sua vez divida com o Pau.  E assim sucessivamente. Entre eles criaram um mecanismo de apropriação de dinheiro e transferência entre eles que nunca parava. Pelo meio deveria haver uns angolanos e mais uns empresários. Mas está visto que o cer

Uma legenda imbecil

Uma das coisas piores do jornalismo, e que acontece com grande frequência em Portugal, é a perda de perspectiva por parte de quem escreve (ou de quem dirige) e o afrouxamento do controlo de qualidade no domínio do bom senso. E isso está a acontecer com a crise dos migrantes que querem entrar na Europa a todo o custo, com grande parte da imprensa a escorregar para um tom de campanha acéfala que não pára sequer para fazer perguntas. Veja-se o tom imbecilmente indignado do "i" de hoje, que põe esta legenda na primeira página: "Polícia checa numera imigrantes, lembrando regime nazi". Gostava de saber o que faria o(a) autor(a) da legenda (ou os ilustres directores do "i") se tivessem de tentar controlar os milhares de pessoas que agora já passam por "imigrantes" e que começam a exigir tudo e mais alguma coisa, perante a incapacidade (e a inutilidade?) de dar documentos (passaportes definitivos, talvez?!) a toda a gente. E, já agora, também go

Bombeiros "activados"

A qualidade profissional dos repórteres televisivos da CMTV é tão má (pior do que as dos outros canais) que já nem espanta que uma criatura dessas, num dos muitos directos sensacionalistas da emissora, fale em "bombeiros activados" quando (supõe-se, com alguma benevolência) a intenção seria a de falar em bombeiros mobilizados para um incêndio. Costa Cardoso

Há distâncias más e distâncias boas?

Como é possível que a imprensa trate as deslocações de oficiais de justiça de Leiria para Alvaiázere em viagens de táxi pagas pelo Estado e não suportadas por estes profissionais com um tom indignado com que não trata as deslocações, pagas por eles próprios, de tantos professores entre o seu local de residência (quando o conseguem manter) e o seu local de trabalho? Costa Cardoso

Chover no molhado

Ainda estamos no Verão, mas o debate (ou melhor, o encontro para tomar um café) de ontem entre Jerónimo de Sousa e Catarina Martins já lembrou a chuva que cai quando o chão está molhado. Foi chover no molhado. Foi simpático, mas não adiantou nada. Aliás, este é o problema da esquerda. Na realidade, não consegue apresentar alternativas à presente política. E não consegue apresentar alternativas porque qualquer proposta séria à presente política implica uma mudança de paradigma: saída do euro, reformulação da presença na U.E., aliança de toda a esquerda (PS incluído), nacionalização da banca (que continua a ser um buraco negro na economia portuguesa), entre outros. Porque para gerir o presente paradigma, a presente Coligação é a mais apta, apesar de todos os sobressaltos, e são muitos. Neste momento existe uma espécie de cenário cor-de-rosa que foi habilmente (e com sorte) montado, mas que mais lá para a frente vai desaparecer…E este é o grande problema destas eleições. Rui Verd

A comunicação social tem alguma responsabilidade social?

As reportagens televisivas dos funerais dos três agentes de autoridade mortos a tiro por um caçador (condição unanimemente omitida) levantam sérios problemas de responsabilidade da imprensa, numa perspectiva muito simples: há coisas que devem ser transmitidas? "Populares" e sindicalistas derramam-se em afirmações que sugerem que a morte dos seus camaradas até seria aceitável se fossem melhor remunerados, criticam a presença de membros do Governo nas cerimónias fúnebres (caramba, não fazem mais do que a sua obrigação!) e ouve-se mesmo uma mulher a criticar a ministra da Justiça (que parece não ter ido a estas cerimónias) se não for "rápida" a fazer "justiça" ao homicida... coisa que cabe aos tribunais. Pode ser polémico defender a não divulgação de afirmações tão imbecis e ignorantes. Mas divulgá-las não será um contributo para a imbecilização e ignorância de muitos que assistem a estes desvarios? Costa Cardoso

Debates eleitorais: Catarina Martins – Jerónimo de Sousa

“Trophy wife” Catarina Martins não se cala e, depois de uma declaração de amor político a Jerónimo de Sousa, não deixa de olhar para ele, como se lhe pedisse uma caução. Jerónimo de Sousa, sempre de cenho franzido (ah, que saudades de Cunhal, que se ria!), deixa-a falar, expõe-se pouco.  Mas convergem nos delírios políticos, nas apreciações sobre o desemprego (não há boas notícias, nunca houve), nos números demagógicos, num “governo de esquerda” que mandaria em tudo, numa oferta de bons serviços a um eventual governo do PS, nos “slogans” que não são mais do que isso. Imagina-se o conúbio (político) entre os dois, PCP e BE, com a actriz Catarina Martins a substituir Heloísa Apolónia como “trophy wife” política do metalúrgico Jerónimo, talvez bem aconchegada na mirífica CDU, e o único alívio que se pode ter é que são escassas as possibilidades de isso acontecer num governo. Felizmente! Pedro Garcia Rosado

Imaturidade

Tornou-se frequente na imprensa a transcrição directa de um discurso directo de segunda pessoa do singular (tu isto, tu aquilo) usado por muitos entrevistados. Pode ser que todos os entrevistadores e todos os entrevistados se conheçam tão intimamente como parece, da "naite", da cama ou da casa do vizinho do lado, mas também não é muito normal. É um tipo de discurso que vem directamente do inglês ("you") e que deve ser posto em português de imprensa (que muitos confundem com outros tipos de linguagem) em modo reflexivo e, como tal, impessoal. Não o fazer é, pelo menos, revelar um enorme grau de imaturidade. Costa Cardoso