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A mostrar mensagens de agosto, 2015

Uma sondagem misteriosa

Qual será o órgão (ou órgãos) de comunicação social onde foi suspensa a divulgação de uma sondagem sobre as eleições, feita depois do caso dos cartazes do PS e do comício do Pontal, do PSD e do CDS, que dava um resultado muito sombrio para o PS e para António Costa? Costa Cardoso

Que bem que se escreve no "Diário de Notícias"

Ainda hão de dizer que a culpa é do Acordo Ortográfico: "Sobre os sete meses que culminaram neste acordo, Tsipras admitiu que os seus maiores erros foram substimar 'o poder da justiça e o poder do dinheiro e dos bancos'..." Hoje mesmo, quinta-feira: "subestimar" por "subestimar"! Costa Cardoso  

A obsessão de campanha do "Público"

Três títulos da primeira página do "Público": - "Devolução da sobretaxa de IRS entra na campanha eleitoral - Governo estima devolução de um quarto da sobretaxa através do crédito fiscal. IVA garante mais receitas, IRS fica aquém do esperado. Ministra das Finanças diz-se tranquila e PS fala em 'propaganda'." - "Governo sob fogo - autarcas e partidos contestam entrega da Metro do Porto e da STCP por ajuste directo." - "Pais desconfiam de anúncio de obras no Conservatório - Ministro da Educação indicou que haverá um concurso público depois das eleições legislativas de Outubro." E outro também de primeira página e no mesmo jornal, em regime de quem não quer a coisa e contraponto: - "Costa propõe fundo de 1000 milhões para reabilitação urbana - Objectivo do líder do PS, que ontem divulgou nova carta aos indecisos, é recuperar centros históricos e áreas degradadas." Costa Cardoso

"Cada vez mais"

Há uma perspectiva catastrofista, quase apocalíptica, do melancólico jornalismo português que se apoia no "cada vez mais". Tendo por suporte esta muleta linguística, tudo o que acontece é "cada vez mais". E o que daí qualquer pessoa inteligente infere é que (por exemplo) não há uma única pessoa empregada no País (porque "cada vez mais" há desemprego), toda a gente se foi embora (porque "cada vez há mais" emigrantes), todos os pais deixaram de pagar pensão de alimentos porque... "Cada vez mais pais deixam de poder pagar pensões de alimentos aos filhos". Esta frase ("Cada vez mais pais deixam de poder pagar pensões de alimentos aos filhos") é um título do "Público" de 8 de Novembro de 2014. E escreve hoje, nove meses depois, o "Jornal de Notícias": "Crise leva mais pais a não pagar pensão de alimentos - São cada vez mais as pessoas separadas que deixam de pagar as pensões de alimentos que lhes são

Loucuras

No "Diário de Notícias", desta vez claramente contra o PS ao levar a sério estas pretensões de António Costa e do seu candidato presidencial: - "António Costa quer mais três ministros - Se o PS ganhar as eleições, a Cultura e o Mar voltarão a ter ministérios. O líder socialista quer ainda dar estatuto "superior a secretário de Estado" ao responsável pelos Assuntos Europeus." - "António Sampaio da Nóvoa: 'Já estou a pensar como Presidente da República'." Costa Cardoso

O Sr. Xis das eleições presidenciais ou o mal menor

Pedro Garcia Rosado E se, logo em cima das eleições legislativas, entrar em cena um candidato presidencial capaz de dialogar com as duas principais forças em presença (PSD/CSD e PS) se nenhuma delas obtiver maioria absoluta?  Com experiência política e institucional suficientes que sirvam para resolver o problema e tornar menos visível a sua própria ambição?  Com ar mais sério e mais sorumbático do que qualquer outro candidato e um perfil “de regime” que foi sabendo cultivar ao longo dos anos? Pode haver um Sr. Xis em versão salvador da pátria nas eleições presidenciais? Repare-se que, por um lado, o PS está refém de três candidatos presidenciais que não satisfazem a actual direcção (que pode, ou não, continuar em funções, dependendo dos resultados eleitorais) e que não dão garantias de vitória.  Por outro lado, a actual direcção do PSD (que também pode, ou não, ficar em funções, dependendo dos resultados eleitorais) também não morre de amores por nenhum dos três candida

Um título desnecessariamente complicado

Há títulos que deviam ser lidos em voz alta para se perceber o disparate. Repare-se neste título do "Observador": - "Incêndio em edifício do Alto de São João extinto". (O que é que está, ou foi, extinto? O edifício? O alto? O Alto de São João? São João?) Talvez fosse melhor assim: - "Extinto o incêndio em edifício do Alto de São João".  Ou mesmo assim: - "Incêndio extinto em edifício do Alto de São João". (E, já agora, "prédio" apreende-se e lê-se mais depressa.) Talvez se dê o caso, porém, de não haver por aquelas bandas quem saiba ler... Costa Cardoso

10 erros de António Costa (2)

Pedro Garcia Rosado 6 – Costa não soube gerir a boa notícia da diminuição do desemprego. A boa notícia não é só favorável para os partidos do actual governo mas para o País todo. Além disso, não são os governos que (nas economias das democracias) criam empregos. O PS podia ter dito que conseguiria impulsionar ainda mais a recuperação da economia e ajudar a criar condições para aumentar o emprego mas optou por lamentar as boas notícias, numa perspectiva de “quanto pior, melhor”. 7 – Costa geriu mal as presidenciais. Ignorou o candidato n.º 1 do PS (Henrique Neto), aproximou-se, distanciou-se e reaproximou-se do candidato n.º 2 do PS (Sampaio da Nóvoa) e fez por ignorar o candidato n.º 3 do PS (Maria de Belém) até a castanha lhe estalar na boca. As várias tendências em presença suportaram-se com alguma frieza mas duas já abriram hostilidades. Como não há uma dinâmica eleitoral de vitória para as legislativas (que garanta lugares para todos), tudo serve para dividir e fracturar num

Houve reformas estruturais

Um dos mantras dos comentadores, opinadores e demais charlatões de serviço é que não houve reformas estruturais com este governo PSD/CDS. Até admitem que a questão financeira foi resolvida, mas adiantam: "O grande problema é que não houve reformas estruturais". É falso. Houve reformas estruturais e muitas. Umas boas, outras más, outra de continuação/consolidação de anteriores movimentos. A reforma estrutural mais significativa foi a derrocada do Grupo BES/GES. Não se tratou de uma reforma legal( o que demonstra a cada vez menor relevância da lei, numa época de diarreia legislativa), mas de um reforma sistémica da economia e da sociedade, semelhante às iniciativas progressistas tomadas por Theodore Roosevelt no início do século XX que salvaram o capitalismo de si próprio. Em Portugal, desmanchou-se um dos pilares da oligarquia dominante que asfixiava o desenvolvimento através da sua rede tentacular e que era pouco reprodutivo em termos económicos. Isso foi um sinal determ

A festa estragada de António Costa

Depois de duas semanas de ausência (por férias, como esclareceu e ninguém pensaria outra coisa), António Costa regressou à actividade política "revigorado" e para uma "campanha empolgante", a falar de novo em "maioria absoluta". Foi na entrega das listas dos seus candidatos à Assembleia da República e tendo a seu lado a ex-presidente do PS, e suplente nas listas, Maria de Belém Roseira. Eleições presidenciais? Não, só depois das eleições legislativas. No que era um dia em cheio, António Costa foi à tarde para um programa em directo de uma televisão. A meio da tarde, e sabendo que a partir daí se sobreporia ao que Costa pudesse dizer, Maria de Belém anunciou que era candidata à Presidência da República... embora só apresente a candidatura depois das legislativas. Em termos mediáticos, o regresso de férias de Costa ficou completamente estragado por Maria de Belém. É mais um problema para o secretário-geral do PS... e para o próprio partido. Costa quer

10 erros de António Costa (1)

Pedro Garcia Rosado 1 – António Costa devia ter esperado para derrubar Seguro. António José Seguro não era, longe disso, um líder carismático para o PS. Mas era o que lá estava. Aguentara dois anos e meio de oposição e só lhe faltava um e meio para chegar às legislativas. Se ganhasse, e os socialistas são sempre generosos para os seus, alguma coisa havia de ganhar. Se Seguro perdesse, poderia ser o primeiro a censurá-lo e, no rescaldo, teria tempo suficiente para criar uma aura um pouco mais sólida de salvador. Não conseguiu. Arrisca-se a que dele digam: “De vitória em vitória até à derrota final”. 2 – Costa devia ter aberto o círculo dominante do PS e as suas listas de deputados aos seguristas. Não absorveu os adversários internos, deixou-os ressabiados e à solta. A sua exclusão facilita a crítica dos seguristas e dos outros adversários se Costa tiver um mau resultado nas eleições de 4 de Outubro. Sem terem tido de sujar as mãos na campanha, podem alijar as suas responsabilidad

Bancos de imagens: entre a ignorância e a má fé

Há quem diga que a situação é igual: o PS  pôs em cartazes pessoas reais e atribuiu-lhes histórias falsas mas politicamente convenientes para o partido de António Costa, com a agravante de as pessoas retratadas estarem vivas para revelarem a mentira; a coligação PSD/CDS pôs em cena pessoas que venderam os seus direitos de imagem a uma empresa que depois os aluga, tal como a muitas outras imagens, a quem as quiser pagar. A situação não é igual. No segundo caso estamos no domínio da ficção; no primeiro estamos no domínio da mentira. Podemos considerar que a maior parte das pessoas não sabe que existem essas empresas que vendem imagens (que são genericamente conhecidas por "bancos de imagens". E, no entanto, é provável que cada pessoa tenha contactado com fotografias de bancos de imagens pelo menos uma vez, ou mesmo mais, no decurso da sua  vida. Basta olhar para aquilo que nos jornais identifica a origem da fotografia: aparece por vezes o nome de quem fotografou, aparece

A coligação PSD/CDS ganhou ao PS...

.. neste fim-de-semana na comunicação social. Desde os discursos de Passos Coelho e de Paulo Portas de ontem (sábado à noite) até este momento (domingo, 19 horas), que saíram indiscutivelmente bem nos jornais da manhã, não se ouviu a voz de António Costa. Era o secretário-geral do PS e putativo candidato a sucessor de Passos Coelho que devia sair a terreiro contra o tom optimista e afirmativo do primeiro-ministro e do vice-primeiro-ministro e não um outro qualquer dirigente do "principal partido de oposição" que, neste caso em concreto, passa a simples nota de rodapé. Costa Cardoso 

Tradução mal feita, cópia de um texto brasileiro ou analfabetismo de quem cá escreveu?

No "Diário de Notícias", claro: «O astronauta Edgar Mitchell, o sexto homem a pisar a Lua, disse numa entrevista ao jornal The Mirror que um povo extraterrestre se deslocou à Terra com o intuito de impedir uma guerra nuclear. Já há vários anos que o astronauta reformado, hoje com 84 anos, faz alegações sobre vida extraterrestre que nunca foram corroboradas pela NASA, para a qual trabalhou. Edgar Mitchell defende que falou com fontes do exército norte-americano, que disseram ter visto naves estranhas a sobrevoar as bases de mísseis e a zona de teste de armamento de White Sands. Mitchell já fala sobre a sua crença em extraterrestres desde que a sua alunagem o tornou numa figura pública. "White Sands era uma zona de teste para armas atómicas", disse Edgar Mitchell ao jornal britânico The Mirror. "Era nisso que os extraterrestres estavam interessados. Queriam conhecer as nossas capacidades militares. Pela minha experiência, a falar do assunto com pessoas,

Um título de m****

Não sei, muito francamente, quem é Miguel Guilherme e presumo que seja "humorista" ou actor e ser essa a relevância que lhe garante uma entrevista no "Diário de Notícias" (como, aliás podia garantir no "Dica da Semana" ou no "Destak"). Mas, seja ele o que for, nada justifica (a não ser o desespero comercial) um título como este no "Diário de Notícias": "Gosto muito de provocar aquilo nas pessoas: o gajo mijou-se a rir." Para um jornal de referência (chegou a sê-lo, já não é), bem se pode dizer, e com toda a naturalidade mas com alguma elegância, que, f***-**!, é um título de m****.  Costa Cardoso 

Pode ser estupidez ou iliteracia mas jornalismo não é...

Uma regra (natural) dos títulos jornalísticos é que façam sentido, que sejam rapidamente legíveis e compreensíveis. Podem ser para fazer rir, podem ser jogos de palavras, podem ter uma componente satírica ou irónica. Mas devem ser compreensíveis. É o contrário do que tantas vezes hoje acontece, com títulos escritos "com os pés" (ou mesmo escritos com os pés...) e por quem não mostra ter qualquer tipo de conhecimentos de jornalismo. O "Jornal de Notícias" tem hoje um brilhante exemplo dessa degradação intelectual e profissional e logo na primeira página. Leia o leitor o título numa leitura rápida e depois vagarosamente e perceba a monumental estupidez da coisa: "Gabinetes ministeriais, estruturas de missão e comissões de serviço, entre outras, viram engordar efetivo". Costa Cardoso

Os outros

Pedro Garcia Rosado Até pode ser que não haja uma explicação científica para o fenómeno, coisa que é sempre boa para tranquilizar os espíritos, mas tem sido uma regra da política portuguesa que os projectos políticos alternativos nunca triunfam. Pelo contrário: acabam por afundar-se (o verbo é reflexivo…) em buracos negros políticos muitas vezes ignominiosos. Alguém se lembra do MES, da ASDI, do PRD, dos movimentos a que Maria de Lurdes Pintasilgo e Ramalho Eanes deram alento e de tantos outros? E estarão lembrados de que se dissolveram, fecharam ou se integraram nos partidos já existentes? O único caso de êxito, mas relativo, há de ter sido o BE que, inspirado pela estratégia frentista de alguns trotskistas, só se aguentou pela utilização dos métodos estalinistas que sobreviveram na UDP. UDP essa que, chegando a ter um deputado, quase se dissolveu na aliança com os trotskistas, tentando ambos unir o que uma pequena picareta desuniu em 1949. As situações de crise ou politica

Gangbang

1. Diz muito do estado de cultura do jornalismo português que ainda não tenha aparecido nenhum título com "gangbang" a propósito da compra do Novo Banco pela empresa chinesa Anbang. 2. Também diz muito do estado de falta de transparência da imprensa portuguesa que ainda não tenha aparecido nenhuma notícia ou reportagem sobre os chamados "lesados do BES/GES" e as suas manifestações públicas que conseguem ter sempre uma enorme cobertura mediática, sobretudo (que é o que interessa...) das televisões. De grandes fortunas a pequenos aforradores há de tudo nesse grupo e não são os industriais ricos que dão a cara. Nem os directores, administradores, proprietários, articulistas ou chefes dos órgãos de comunicação social que também ficaram a arder. 3. Se é verdade o que diz a imprensa de hoje, António Costa vai mesmo perfilhar a candidatura presidencial de Sampaio da Nóvoa, ou porque acha que sim, ou porque não pode deixar os seus ex-presidentes perderem a face ou

As três facções do "Expresso"

Com a aproximação das eleições e o extremar de posições no combate político torna-se mais evidente o jogo de facções do "Expresso", em que cada uma parece dominar regularmente uma edição semanal, no amplo regaço do "militante n.º 1" do PSD que ainda é Francisco Pinto Balsemão. Balsemão procura ser, quando é necessário e lhe dá jeito, o grande árbitro e também quem cuida dos interesses do PSD. Em Ricardo Costa e Henrique Monteiro (actual e anteriores directores) tem os representantes do "bloco central" e de uma convergência institucional PS/PSD, com pontos de contacto com a maçonaria e os seus sectores mais importantes. O contraponto é feito por Pedro Santos Guerreiro, economista metido a jornalista com debilidades de escrita evidentes e muito ligado ao PS. A extrema-esquerda tem em Nicolau Santos o seu ponto de contacto. Oriundo de Angola, onde aprendeu a fazer política pela cartilha do MPLA, Santos tem ligações privilegiadas com Francisco Louçã e

As chamas que consomem a razão

A avaliar pelo tom impressionista das reportagens das televisões em época de fogos florestais, deve ser apenas o sensacionalismo das imagens das chamas que leva os responsáveis dos telejornais a darem tanto tempo de antena aos incêndios. E devem ser essas chamas irracionais que depois os tolhem, coitados, impedindo-os de fazerem melhor: não há mapas que nos digam onde é que verdadeiramente as chamas "lavram"; reitera-se que uma câmara municipal "accionou" o "plano municipal de emergência" sem que ninguém diga em que consiste; adopta-se o jargão técnico dos "meios aéreos" à unidade sem dizer se são aviões, helicópteros, discos voadores ou F-16; e nem sequer fazem a pergunta mais evidente de todas: porque é que não há forças militares a apoiar os bombeiros, quer no combate às chamas quer no apoio às populações. Costa Cardoso

A questão de 2015

Rui Verde Em 1980, Ronald Reagan, candidato a presidente dos Estados Unidos da América, colocou a seguinte questão: Are you better off than you were four years ago? (cfr. https://www.youtube.com/watch?v=loBe0WXtts8 [Estão melhores do que há 4 anos?]. A resposta foi um rotundo não e Reagan ganhou as eleições ao então presidente Jimmy Carter, inaugurando um período de 12 anos de domínio republicano da presidência. Em Portugal, hoje, a questão repete-se, depois de tantas voltas e reviravoltas. Se nos sentirmos melhor do que há 4 anos devemos votar na Coligação, caso contrário deveremos procurar alternativas. Em termos económicos, os números, não sendo brilhantes, são aceitáveis, o que tinha que aumentar, aumentou (PIB ou desemprego) o que tinha que baixar, baixou (desemprego). No actual modelo económico português ancorado no Euro e na União Europeia seria difícil fazer melhor. Obviamente, que alternativamente deveria ter sido ensaiada uma saída do Euro e do espartilho europeu qu

O "Jornal de Notícias" distraiu-se...

... e publicou uma notícia que não favorece nada os seus amigos do PS: "Três estádios do Euro custam 25 800 euros por dia". São "elefantes brancos", como diz, que de pouco servem, que custam (e custaram) uma fortuna e que nasceram com um governo do PS, em que António Guterres era primeiro-ministro e o membro do Governo com a pasta do desporto era... José Sócrates. Costa Cardoso

Uma espécie de coelho na cartola onde convergem a fome e a vontade de comer

No "Sol", onde o seu director (o arguto José António Saraiva, com experiência na matéria) já manifestou as suas reservas sobre Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República, entra em cena o tão institucional como ambicioso Guilherme d'Oliveira Martins. A entrevista é duplamente sugestiva e significativa: eis alguém que, puxando dos galões, se oferece para a coisa, como por meio de um golpe de magia; eis alguém que fez toda a sua carreira política a pensar em lugares cimeiros (e o de presidente do Tribunal de Contas já não lhe chega); eis o candidato que como Presidente da República pode unir, depois das eleições legislativas e mesmo antes das eleições presidenciais, o PS e o PSD. Eis o alfa e o ómega da convergência da fome com a vontade de comer. E, removida a ganga gongórica do discurso, será bom, como Presidente da República? É que a "experiência política" que recomenda a qualquer candidato ao cargo não lhe é muito favorável, se forem recordadas

A realidade é uma chatice

A oposição e a imprensa mais preguiçosa dizem que o desemprego não caiu. O Governo e a imprensa que sabe fazer contas dizem o contrário, embora não da mesma maneira. Mas até o "Público", um dos jornais mais militantes da oposição se viu forçado a reconhecer a realidade. E eis a manchete de hoje: "Queda do desemprego agrava guerra de palavras entre PS e Governo". Sim, leu bem: "Queda do desemprego". Ela move-se, a realidade... Costa Cardoso

O medo que o PS tem

Pedro Garcia Rosado Reina, pelos vistos, o medo no PS. Note-se: não faz mal. O medo é uma condição bem humana e não falta quem diga que é o medo que protege os seres humanos de situações que podem mesmo ser perigosas. É como a proverbial sombra nas cavernas paleolíticas: seria um predador? O melhor era não arriscar. Suponho que o medo também se aplica à política. Quase como a prudência. Mas a prudência, convidando ao raciocínio, não tem de emperrar a acção. O medo, sim. Inibe, complica e convida ao disparate. E a disparar para todos os lados, na esperança de encontrar um alvo onde se acerte. É este o medo do PS a dois meses das eleições legislativas. Para quem não quer a vitória do PS, é bom. Para o próprio partido, é mau.  E é, de certo modo, compreensível. As eleições de Outubro já não são favas contadas e o máximo a que o PS pode almejar é a uma vitória com maioria simples.  António Costa forçou a saída de António José Seguro porque o anterior secretário-geral não dava

O "Expresso" está mesmo em campanha eleitoral, desta vez a favor do BE

Regressa o mito no "Expresso" on line:  "Aos 30 anos, Catarina Salgueiro Maia lamenta que tenha sido 'convidada' a sair de Portugal pelo primeiro-ministro. Foi em 2011 que a filha do capitão de Abril se viu forçada a emigrar com a família para o Luxemburgo, face à situação económica. Hoje, defende que o país precisa de um novo rumo e é por essa razão que diz ter decidido ser candidata pelo Bloco de Esquerda (BE) no círculo eleitoral da Europa." Foi em Abril ou em Maio deste ano que a jovem Catarina fez saber que tinha emigrado em Março de 2011 (três meses antes das eleições legislativas vencidas pelo PSD) para o Luxemburgo porque o primeiro-ministro Passos Coelho a tinha "convidado" a emigrar. Até no Google se encontra a discrepância que, no entanto, não prejudica esse símbolo de rigor que é o "Expresso"... Costa Cardoso

O impoluto "Expresso" entra na campanha

Título do "Expresso": "Diga adeus à sobretaxa de IRS e olá ao Pixuleco" Texto correspondente: "Por cá, diga adeus à devolução da totalidade ou parte da sobretaxa do IRS. Quem o diz, indiretamente, é a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), ao afirmar que a meta orçamentada paras as receitas fiscais está em risco. Além de prever que o défice deverá ficar acima dos 3%, opinião partilhada por várias instituições internacionais, deixa a dúvida se de facto haverá espaço para a devolução do imposto extra e desdiz o que o governo tinha estimado. A conclusão da UTAO foi rapidamente contrariada pelo Ministério das Finanças, que acredita que, tal como aconteceu nos anos anteriores, as metas de cobranças de impostos vão ser atingidas e até ultrapassadas. Ou seja, reafirma que em 2016 irá haver alguma devolução. Verdade? Mentira? Muito provavelmente só depois das eleições saberemos. Mas pelas contas do Expresso a situação é positiva para o bolso dos contribui

Jornalismo vesgo como o Camões

Eis alguns títulos extraordinários em duas ou três semanas: Quase 13 mil enfermeiros em fuga. Cada família portuguesa pagou mais 1415 euros de IRS em dois anos. Endividados - Deco atende 96 pedidos de ajuda por dia. Contramão - 581 vítimas em quatro anos. Cinco despejos por dia com rendas em atraso. Câmaras perdem quase um milhão de euros por dia. Destruídos 210 mil empregos em 4 anos. É o tipo de contabilidade que faz delirar alguns jornalistas dos muitos que, na infância, foram vítimas quase mortais da Matemática: pega-se num número absoluto e procura-se o sensacionalismo, sobretudo, do "por dia", sem qualquer tipo de enquadramento e deslizando para o ridículo mais absurdo, quando não mesmo para o conflito com a realidade... ou para a demagogia política. Os exemplos citados foram retirados do "Jornal de Notícias" onde perpetra como director o jornalista Afonso Camões, amigo do peito do ex-primeiro-ministro José Sócrates  de quem se teria esp

Talvez possam...

A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), órgão da Assembleia da República, esteve a examinar as contas públicas até ao final de Junho e levantou dúvidas sobre a possibilidade de o Governo não conseguir cobrar 660 milhões de euros em impostos, o que pode (sublinhamos: pode) provocar um "buraco" no Orçamento do Estado. O "pode" é o fundamental porque foi o que bastou para os partidos da oposição saírem a terreiro nas televisões a criticar o Governo, transformando uma previsão com seis meses de avanço numa certeza futurista. Ouvido o Governo, foi esclarecido pelo Ministério das Finanças que, por exemplo, o valor mais baixo dos reembolsos do IVA até agora (que foi tomado pela UTAO como um elemento essencial da desgraça orçamental) tem a ver com um controlo mais rigoroso da facturação das empresas. E também que a devolução da sobretaxa (seria isso?) sairia do IRS (cuja receita já aumentou) e do IVA.  Para as televisões, no entanto, o que valeu foram as crític

As eleições vistas de outros ângulos

A partir de 5 de Agosto o TOMATE vai começar uma série dedicada às eleições de Outubro.  Análises de Pedro Garcia Rosado, Costa Cardoso, Rui Verde, e muitos outros.