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A mostrar mensagens de abril, 2015

Não é Nóvoa, é Névoa

Muito fraquinha, é o que se pode dizer da apresentação da candidatura a Presidente da República pelo Professor Doutor Ex Reitor Sampaio da Nóvoa. A substância foi igual a zero. Banalidades sobre o Estado Social, aquele que em tempos se chamou Estado Corporativo e depois Marcello Caetano re-baptizou como Estado Social. Só que o Estado Social acabou. Não há dinheiro, não há estrutura, não há capacidade. Inteligente era re-inventar o Estado Social ( e já agora rebaptizá-lo). De um homem de ideias (supostamente) esperavam-se ideias. O que veio? Um névoa envolta em lugares comuns. A forma foi de "enchente" para disfarçar o vazio. Lembram-se que Jorge Sampaio apresentou a sua candidatura sozinho num dia triste qualquer na FDL e ganhou depois. Sampaio enchia o vazio. Sampaio da Nóvoa esvaziou o cheio. Não é este o caminho. Rui Verde

Vira o disco e toca o mesmo

Grande título, e maior a tolice, do "Expresso": "Pagamento antecipado ao FMI. Bruxelas desconhece - A Comissão Europeia não foi ainda informada de que Portugal quer liquidar a dívida ao FMI." A intenção foi anunciada pelo primeiro-ministro mas, como já tinha acontecido com o pagamento de parte da dívida (que efectivamente foi liquidada), o anúncio foi feito em solo português. A comunicação institucional é feita depois, como também aconteceu. Mas se, por acaso, a comunicação institucional precedesse o anúncio público do primeiro-ministro em solo português, não faltaria a mesma imprensa a gritar que a coisa era feita "nas costas do povo", ou alguma coisa parecida.  Costa Cardoso

O jornalismo do “vale tudo” que até altera as datas da História

Catarina, mãe de dois filhos, chegou ao Luxemburgo em 15 de Março de 2011, num dia "maravilhoso" de sol (porque "não há sol no Luxemburgo" e "chovia torrencialmente" em Portugal) à procura de trabalho. Arranjou emprego, de facto, mas não deixou de ter de enfrentar dificuldades. Talvez tivesse sido mais difícil em Portugal. No Luxemburgo tem trabalhado sempre em cafés, como consta de um seu depoimento no YouTube, publicado em 30 de Maio de 2014. Catarina, de apelido Salgueiro Maia, é filha do capitão Salgueiro Maia, um das figuras militares destacadas do 25 de Abril. Esteve agora em Portugal e evocou o pai. Há dois relatos de "jornais de referência" que relatam o que agora se passou: Escreve o "Público": "Catarina Salgueiro Maia, de 29 anos, deixou Portugal em 2011, ano em que a troika chegou a Portugal e 'em que o primeiro-ministro aconselhou as pessoas a ganhar experiência no estrangeiro', ironizou, recordando os ap

25 de Abril nem sempre

O dia de ontem (25 de Abril) tinha tudo, como vinha a ver-se, para gerar grandes títulos onde se reproduziriam as afirmações, as proclamações e os desvarios (Vasco Lourenço), dos combatentes pedestres de todas as esquerdas, repetindo a liturgia da época. Mas o anúncio da renovação da coligação entre o PSD e o CDS (os partidos do Governo), cuja preparação foi feita em segredo para ser depois repentinamente marcado, estragou tudo e os principais títulos e manchetes de hoje não puderam afastar-se da notícia. Independentemente de opiniões valorativas (e da esfera política), não deixa de ter graça: há de ter sido o maior êxito mediático, se não o maior de todos, da aliança PSD/CDS desde que formou governo em 2011. Costa Cardoso

Eleições presidenciais: os limites da ambição (2)

Quando se olha para o leque de candidatos, pré-candidatos e protocandidatos (sobretudo à esquerda, onde eles têm proliferado), notam-se em todos eles ambições. Mas são elas más? O industrial Henrique Neto, que já foi dirigente nacional do PS e deputado, tem uma ambição política: quer corrigir o rumo do País e encontrar uma via que não é a do Governo PSD/CDS nem, como agora se vê, a do PS de António Costa. Apesar de já ter tido alguns problemas com o Fisco, segundo foi noticiado, Henrique Neto pode ser considerado um “empresário de sucesso”. É interessante recordar que os presidentes desde a aprovação da Constituição em 1976 foram dois advogados que trocaram a profissão pela política (Mário Soares e Jorge Sampaio), um militar de carreira (Ramalho Eanes) e um economista que foi professor do ensino superior público e quadro do Banco de Portugal (Cavaco Silva). O “mundo real” da economia nunca esteve representado em Belém. Talvez desse jeito, um dia. Mas não é só nisso que Henrique Ne

Eleições presidenciais: os limites da ambição (1)

Quem se der ao trabalho de ir ler os quinze pontos do artigo 133.º da Constituição da República Portuguesa, cotejando-os com o artigo 195.º, por exemplo, poderá ver que o cargo de Presidente da República não favorece uma grande acção política.  O Presidente pode pouco, em matéria de políticas, e é também por esse motivo que tanto se fala em “magistratura de influência”. Porque pouco mais lhe resta, em circunstâncias normais, do que a capacidade de influenciar, ou de o tentar fazer, o Governo ou a Assembleia da República, por exemplo. Por outro lado, não se pode dizer que a sua remuneração seja um factor de atracção. O Presidente da Republica não chega a ganhar 10 mil euros por mês e os gestores de topo no sector privado ganham bastante mais do que isso. A fama que advém do cargo é passageira. Com sorte e bons relacionamentos no exterior, um ex-Presidente da República pode ambicionar a um qualquer cargo institucional internacional ou a uma carreira de orador que seja bem paga. Em

O milagre do PS ou a agonia.

Nestes tempos, foi apresentado com expectativa messiânica mal disfarçada (isto não é uma Bíblia, mas podia ser…ou os economistas não são apóstolos, mas podiam ser…) um documento que vai servir de base à governação do P.S. A liderar os apóstolos disfarçados, surge um simpático senhor doutorado em Harvard ( chapeau! ) que terá por lá feito muita coisa bem-feita, mas não aprendeu a falar e a expôr as suas ideias. Já por duas vezes ouvi a sua palavra rebuscada e fiquei na mesma (ignorância minha que venho do norte da ilha enevoada e por isso sou muito céptico em relação a brilhos). Com graça, antes de lerem o documento, as gentes do Governo apressaram-se a dizer que era uma coisa esquerdista, despesista e socrática…mas, passados uns dias a imprensa bem formada e informada, apressou-se a esclarecer-nos que o documento era algo de muito técnico, muito sério e com muito valor, que demonstrava que o PS estava preparado para governar com sabedoria. Bom, havia que ler o documento. Lido fo

O "´Diário de Notícias" sindicalista

A valoração normal das coisas positivas leva a que se utilize uma expressão como "em risco" quando há qualquer coisa nefasta que põe em perigo alguma coisa tida como positiva: usam-se expressões como "vidas em risco" perante uma ameaça de morte ou "crianças em risco" relativamente a crianças que podem, ou podem estar já, a sofrer maus-tratos; já não se dirá, por outro lado, algo como "o sol da Primavera põe em risco o frio do Inverno". Mas o "Diário de Notícias" titula hoje: "Greve na TAP em risco" e isso porque "há 300 pilotos contra a paragem". Um jornal sindical não faria melhor. Costa Cardoso

Metástases

Embora apeteça, nem se pode dizer que não haverá melhor exemplo do facciosismo do "jornalismo de causas" de trazer por casa porque essa actividade vagamente profissional descobre sempre novas formas de se perpetuar, como se fosse uma metástase: "Campanha. Governo elimina sobretaxa a partir de 2016. - A menos de seis meses das eleições, o governo anuncia a intenção de reduzir gradualmente a sobretaxa do IRS a partir do próximo ano". O título, que chega ao estatuto de manchete, é do "Diário de Notícias". O corolário: o mauzão do Governo só faz isso porque há eleições, e só impôs a sobretaxa por ser mesmo mauzão. Como há uma "campanha" (eleitoral?) em curso, não devia eliminar a sobretaxa. Costa Cardoso

Quase de certeza...

... que, um dia, um académico fará um estudo sobre a nova forma de sensacionalismo institucional da imprensa portuguesa e o modo como se repercutem, de modo absurdamente acéfalo, nas chamadas "redes sociais", os títulos e as impressões mais erróneas deixadas pelo jornalismo que não consegue raciocinar. O caso, que já aqui abordei, do Fisco que aborda os contribuintes (empresas, como ontem se percebeu numa reportagem da TVI, que pagam jantares de amigos...) para lhes reclamar créditos devidos a empresas com dívidas ao Estado, é só o mais recente. Este jornalismo sensacionalista de novo tipo fica-se pelos títulos alheios, vai atrás da coisa porque lhe "cheira" a qualquer escândalo e prescinde de qualquer tratamento sério do assunto. Depois, tanto por gente iletrada que não consegue pensar como por detentores de grau académico com objectivos próprios, o que é um título sensacionalista sem qualquer tipo de suporte na realidade das coisas transforma-se na tal info

"Fisco quer obrigar clientes a pagar dívidas de restaurantes"

O título (no "Jornal de Notícias" e no "Diário de Notícias" era mesmo este: "Fisco quer obrigar clientes a pagar dívidas de restaurantes". Mas devia ser outro: "Fisco 'cego' confunde clientes de restaurantes falidos". Por exemplo. A história dos dois jornais é esta: houve contribuintes com facturas de restaurantes falidos (de refeições que aí comeram e pagaram) que teria sido ameaçados pelas Finanças com qualquer tipo de penhora para compensar as dívidas desses estabelecimentos. O texto não era completamente esclarecedor, apesar da opinião jurídica que explicava o que se passava e da resposta do Ministério das Finanças, que o justificava. Mas a conclusão tirada pelos dois jornais estava plasmada no título. E os comentários dos leitores "on line" correspondiam, indo dos "tiro nos kornos" (por causa da "censura") de fiscais das Finanças e governantes a juras de nunca mais votarem no PSD nem no PS. Aparen

Jaime Gama e a falta de transparência jornalística

Já aparecem alusões nos jornais a qualquer situação que parece associar Jaime Gama, ex-presidente da Assembleia da República e desejado candidato presidencial do PS, ao que ficou conhecido por "processo Casa Pia". Era bom, em nome da transparência, que (nos jornais ou por qualquer outro meio) ficasse bem esclarecido o que aconteceu (ou não aconteceu). Jaime Gama, que se saiba, não foi constituído arguido nem sujeito a qualquer medida de coacção, não foi acusado nem julgado. Portanto: que aconteceu para ele não poder ser candidato à Presidência da República?... Costa Cardoso

Idiotice

Na União Europeia há um número de emergência: o 112. Nos EUA também há um número de emergência: o 911. Nenhum português telefona para o 911 a pedir ajuda, nenhum americano telefona para o 112 a pedir ajuda. Escrever, por isso, a propósito de um telefonema feito na América por uma americana para o número 911, "O telefonema de Sandra Bullock para o 112 quando intruso lhe entrou em casa" ("Diário de Notícias") é, no mínimo, idiota. A não ser que ela tivesse mesmo telefonado para o 112, o que nem sequer parece ter sido o caso. Costa Cardoso

Alegadamente jornais...

Seria do interesse dos próprios jornalistas, e dos órgãos de comunicação social em que trabalham, denunciar (a palavra é forte, mas é esta) coisas que "circulam" on line, apresentando-se como "jornal isto" ou "jornal aquilo" ou "notícias-qualquer-coisa" que citam "e-mails" órfãos de pai e mãe como "fontes" de notícias e títulos alheios como base de todas as revelações e onde tudo se pode escrever, que não têm endereço, nomes de directores e/ou jornalistas ao seu serviço nem um número de telefone. Estes alegados jornais ajudam a minar a credibilidade dos jornais a sério e dos profissionais que os fazem. Só é de estranhar que ninguém se queixe... Costa Cardoso

Esqueceram-se do "alegadamente"

Como mudam os critérios nas cabeças destes alegadamente, jornalistas que agora temos: no caso do bebé de três meses morto à facada pelo próprio pai, não há uma notícia que vá buscar o "alegado" para "alegado homicida" ou o "alegadamente" para "que alegadamente matou"... Costa Cardoso

"Eles dão chuva"

As previsões meteorológicas têm-se revelado falíveis, por motivos que têm a mais a ver com uma certa imprevisibilidade dos fenómenos naturais do que com o progresso científico. E se elas são úteis, vindas do agora denominado IPMA ou de sites feitos por outras entidades, nunca podem ser taxativas, à escala nacional ou regional. Por isso são tão tontos os títulos tão categóricos dos jornais que dão destaque às previsões que parecem ir contra a ideia geral do tempo associado a uma estação do ano. É o que acontece com este título de ontem do "Expresso" on line: "E agora uma notícia com precipitação, nuvens, ventos fortes e agitação marítima. Até sábado." Ou talvez não tivessem mais nada para ocupar esse espaço... Costa Cardoso

E a seguir a Costa, quem é?

Dentro de seis meses haverá eleições legislativas, depois de o actual governo ter cumprido um mandato completo; daqui a oito meses fará um ano que o anterior primeiro-ministro (e o mais carismático líder do PS depois do fundador Soares) se viu sentenciado à prisão preventiva por suspeita de vários crimes de “colarinho branco”; daqui a dez meses haverá eleições presidenciais. António Costa, o secretário-geral do PS que sucedeu a António José Seguro (que por sua vez sucedera ao detido), até pode ganhar as eleições legislativas. O que já lhe dificulta a vida não está apenas dentro do seu partido mas fora dele e um dos problemas, para o PS; é a proliferação de novos grupos, partidos, associações políticas e seja mais o que for que vão também lançar-se ao assalto (eleitoral) do Parlamento. Dificilmente, porém, conseguirá Costa ter a maioria absoluta e o facto de já ter anunciado que a ia pedir transformará em derrota uma maioria simples.  A maioria absoluta dar-lhe-ia um governo excl

Agitação laboral

No "Jornal de Notícias" houve uma greve, no "Diário de Notícias" houve uma ameaça de greve. Não é vulgar haver greve nos jornais, desde há muitos anos, porque a adesão é sempre reduzida, os jornais vão saindo e, se não saírem, o público também já verdadeiramente não se importa porque já não os comprava antes. Como sempre, a agitação laboral não é notícia nos próprios órgãos de informação e nos outros, na generalidade dos casos, faz-se vista grossa. Pode ser que, um dia, alguém faça um estudo sobre a agitação laboral na comunicação social desde 1974 até aos nossos dias. Seria muito interessante e bastante fácil. Costa Cardoso

Mortos é que são bons

O jornalismo português gosta de mortos: são todos excepcionais, mesmo quando para eles não o eram, e então se têm algum tipo de notoriedade externa ainda melhor. Tal como aconteceu há dias com o poeta Herberto Hélder, a morte do realizador Manoel de Oliveira pôs gente que nunca na vida deve ter pensado em ir ver um dos filmes dele (ou que, tendo visto um por dever de ofício, deve ter jurado para nunca mais) a carpir lágrimas de crocodilo e a entoar loas quase divinas ao falecido, num concurso surreal de sentimentalismo excessivo, num abuso de parvoíce onde teria sido simpático, porque genuíno, ter alguém a dizer "Nunca gostei dos filmes dele mas reconheço que..." Infelizmente, a cobardia (o medo de ficarem mal vistos) não o permite. Costa Cardoso

O Dia das Mentiras do jornalismo pior de todos

Houve uma época no jornalismo português em que era ponto de honra publicar uma "mentira" na primeira página, em alusão ao Dia das Mentiras (1 de Abril). Normalmente tinha graça e revela a criatividade dos jornalistas. E a credibilidade dos jornais não ficava, minimamente, afectada. O facto de, em geral, isso já não acontecer, hoje em dia, é extraordinariamente revelador da crise em que se enredou o jornalismo tristonho, patético, falho de imaginação e de criatividade, medíocre e sem rumo nem ideias próprias. Em si, o jornalismo português transformou-se na maior de todas as mentiras. Costa Cardoso

A pergunta que falta

Os transportes públicos de Lisboa vão estar parados nos próximos dias, porque há uma camada significativa dos funcionários da CP, da Carris e do Metro que têm qualquer motivo para fazer greve. Uma das televisões (nem me lembro de qual) perguntou a dois sindicatos da CP (um devia ser da CGTP e o outro da UGT) quais eram os motivos e, francamente, não retive nenhum que justificasse complicar a vida a quem precisa dos transportes públicos (que todos pagamos) nesses dias. Só faltou perguntar o que pensam os sindicalistas relativamente aos outros trabalhadores, àqueles que, por causa das suas greves, se vêem impedidos de irem... trabalhar.  Costa Cardoso

Tudo bem, se forem do PS

Teixeira dos Santos, que forçou o "resgate" em 2011 contra o seu primeiro-ministro Sócrates, não saiu de mãos limpas, politicamente falando, do último governo do PS. O facto de ter sido ministro das Finanças de um país à beira da bancarrota não lhe fica bem no currículo. No entanto, e sem que se ouçam protestos à esquerda contra a política de distribuição de "tachos" típica do Bloco Central, lá irá para presidente do banco Montepio Geral. É sempre interessante verificar como a esquerda e o "jornalismo de causas" acham sempre bem a cumplicidade entre a política e os negócios quando são figuras e figurões da área do PS os protagonistas, de António Vitorino a Teixeira dos Santos. Costa Cardoso