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A mostrar mensagens de janeiro, 2015

Jornalismo relaxado

Segundo o consensual Priberam, "relaxado" significa: frouxo, frouxo no cumprimento dos deveres, distendido, desmazelado, dissoluto, devasso, "que não foi pago no tempo competente e incorre por isso em execução (falando de contribuições)". Agora leia-se esta frase do "Observador": "[o ministro das Finanças alemão] Schaeuble admitiu estar 'relaxado', por 'o perigo de contágio na Zona Euro' ser baixo". O ministro pode ter usado o inglês "relaxed" (que significa, em geral, "descontraído") ou alguma agência, ou jornal, o usou por ele. O certo é que, por ignorância ou pelo desgraçado hábito que têm alguns jornalistas mais novos de que sabem muito de inglês (e não sabem), saiu uma coisa em vez da outra. Ou seja: relaxado é este jornalismo feito de burrice. Costa Cardoso

Como quem não quer a coisa?

Na edição "on line" do "Diário de Notícias", cujos jornalistas parecem ter "enfiado a carapuça" relativamente ao poder acumulado pelo seu patrão Proença de Carvalho, dois títulos contíguos, de duas notícias cuja proximidade até pode ser uma simples coincidência: 1 - "Advogado diz que há uma obsessão para prender e condenar Sócrates". 2 - "Nem ter o líder na prisão tirou o 3.º lugar ao Aurora Dourada". Costa Cardoso

Delírios

É difícil distinguir na imprensa portuguesa de ontem o relato jornalístico do "wishful thinking", a avaliar pelos títulos delirantes que acompanham as notícias sobre a vitória da extrema-esquerda na Grécia. Enquanto alguns jornais optam pelas aspas para as frases grandiloquentes dos vencedores, há dois (os ditos "de referência") que levam as suas manchetes ao exagero. Enquanto o "Público" garante que "Grécia vira a página da austeridade e deixa a Europa a fazer contas", o "Diário de Notícias" proclama: "A Europa estremece com a raiva dos gregos". O jornalismo permite que os jornais e as suas direcções tomem partido a favor de dirigentes e candidatos políticos e partidários e não vem daí mal ao mundo, desde que as opções sejam claras e fundamentadas e que não enganem o público. Mas não parece ser o caso na emissão dos "wishful thinkings" desta malta que depois, como se verifica no "DN" (o tal que não

A deontologia não enche a barriga

Armados, às vezes, em paladinos da deontologia profissional e do "jornalismo de causa", os jornalistas do "Diário de Notícias", da TSF e do "Jornal de Notícias" mantêm-se silenciosos quanto ao que se publicou e se  disse sobre o seu patrão Proença de Carvalho, o modo como (segundo o "Correio da Manhã") terá servido o ex-primeiro-ministro preso e as ligações a empresas e grupos económicos que são, ou podem vir a ser, anunciantes do "DN", da TSF e do "JN". Não dá jeito hostilizar o patrão, não é? Costa Cardoso

Antes de o ser já o era?...

Notícia: "A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, anunciou esta quarta-feira no parlamento que o Governo vai pedir autorização aos parceiros europeus para proceder ao reembolso antecipado do empréstimo (...)" Título: "FMI ainda desconhece intenção de reembolso antecipado de Portugal". Só no "Diário de Notícias", pois claro, onde haveria rajada de objurgatórias se a ministra tivesse comunicado às instâncias internacionais a intenção antes de a comunicar na Assembleia da República. Costa Cardoso

Pura e simples burrice

Há coisas que a gente vê nos jornais que até nos fazem pensar se somos nós que estamos errados. Passei a vida toda a escrever "ênfase", a dizer "ênfase" e a ler "ênfase" e, de repente, um título do "i" atira-nos à cara com "enfâse" em: "Inquérito: PwC avisou KPMG sobre enfâses nas contas do BES". Isto já nem é iliteracia. É burrice, pura e simples. Costa Cardoso

E ninguém diz nada?

O advogado de José Sócrates ontem disse claramente que o juiz Carlos Alexandre e o Procurador Rosário Teixeira eram transmissores para a imprensa dos conteúdos do processo contra Sócrates que estão em segredo de justiça. Assim, afirmou que estas personagens são criminosas. Afirmou ainda que o Procurador anda a informar o Correio da Manhã sobre as suas intenções e desconfia dos juízes da Relação. Curiosamente, hoje, nem um eco destas afirmações... TM

Parasitismo

Já se chora baba e ranho por o governo dos EUA querer reduzir a sua presença numa base militar (Lages) numa porção autónoma do Estado português (Açores). Devia-se chorar (e os jornalistas deviam perguntar...) é a incapacidade de lutar pela vida e a tentação parasítica da dependência de uma potência estrangeira. Costa Cardoso

Os transmontanos e os outros

"Transmontanos aquecem-se à lareira nos dias frios" - a legenda, assim mesmo, aparece na CMTV, numa espécie de reportagem que inclui um pastor (de Trás-os-Montes) e ovelhas. Não se percebe se será estupidez, desconhecimento da vida, incapacidade de perceber que, no meio de uma cidade ou no campo remoto, uma lareira pode constituir uma alternativa ao custo mais elevado do aquecimento eléctrico ou a gás. Ou, simplesmente, se dá o facto de na casa dos pais não haver lareira... Costa Cardoso

Palermices portuguesas

1-Um sujeito académico de um instituto qualquer que queria dar nas vistas fez um estudo sobre Cristiano Ronaldo e conclui que este representava a melhor marca portuguesa ou coisa semelhante. O problema é que o académico está enganado. Ronaldo pode ter nascido em Portugal, ir passar férias à Madeira e saber falar português, mas o seu sucesso não é português. Antes de tudo é inglês. Foi em Inglaterra que ele maturou e foi lançado pela poderosa imprensa inglesa para o estrelato mundial. Depois apostou bem nos galácticos madrilenos. Ele joga bem, como devem jogar dezenas ou centenas por esse mundo fora, mas é a máquina castelhana, montada em cima da britânica que projecta o CR7 pelo mundo fora. Isto não lhe tira mérito nenhum, apenas evita palermices acerca de marcas portuguesas que não o são. O que teria acontecido a Ronaldo se tivesse permanecido em Portugal? Teria caído já há muito tempo, vítima da inveja e pequenez nacionais. 2-Choram por aí os abencerragens desta vida acerca da que

A amizade que não ousa dizer o seu nome?

Num país tão liberal como o nosso em que duas pessoas do mesmo sexo se podem casar e mais tarde ou mais cedo adoptarem crianças, não pode deixar de surpreender que nenhum jornal avance a notícia que já começa a correr em alguns meios: a amizade entre o ex-primeiro-ministro e o seu benfeitor de milhões seria bastante mais especial do que só a vertente financeira sugeria. Acompanhando a notícia (que dá para os dois lados: é tão favorável como desfavorável para o ex-primeiro-ministro...), há também aquele pormenor muito especial de um "Carlos" que apareceu numa das escutas do processo "Face Oculta" no mesmo quarto de hotel de umas férias do então primeiro-ministro no Algarve. Costa Cardoso

Confusões...

Descrição no "Diário de Notícias" (onde é que havia de ser?...) da vida quotidiana no Estabelecimento Prisional de Évora: "Nos intervalos, há o tempo de recreio: duas horas e meia de manhã, duas horas e meia à tarde. É no pátio das cadeias que os presos caminham, conversam, jogam à bola ou arranjam confusão." "Arranjam confusão"?! Mas é compreensível, no entanto, num jornal, como o "DN", onde se confunde, e muito, as redacções de terceira classe com o jornalismo. Costa Cardoso

"Correio da Manhã" - 1, "Jornal de Notícias" - 0

Na sexta-feira passada, citando como fonte as escutas da "Operação Marquês", o "Correio da Manhã" ("CM") associou o jornalista Afonso Camões (nomeado director da agência Lusa pelo governo de Sócrates) ao ex-primeiro-ministro na sua direcção há pouco tempo para director do "Jornal de Notícias" ("JN"). Em conversa a que também é associado Proença de Carvalho (o "homem forte" do grupo que detém o "Jornal de Notícias" e o "Diário de Notícias"), Sócrates terá recomendado a Camões que optasse pela direcção do "JN" para reforçar o papel de rival deste jornal contra o "CM". No sábado, o "JN" deu com grande destaque uma notícia sobre a "Operação Marquês": a investigação aos dinheiros do ex-primeiro-ministro referem-se ao período entre 2000 e 2005 e abrangem a época do "caso Freeport". É uma notícia que, no entanto, não condiz com a maioria das informações vindas

Sondagens, a doença infantil do jornalismo

Afirma, em título, o "Diário de Notícias": "Quatro em dez franceses favoráveis a que se evitem caricaturas de Maomé".  Ou seja: seis em cada dez franceses (a maioria) são favoráveis às caricaturas de Maomé.   Costa Cardoso

As portagens e o esquecimento

Independentemente dos muitos problemas de toda a ordem que isso suscita, a entrega ao Fisco das dívidas das portagens não pagas baseou-se apenas na eficácia (que até podemos considerar "terrorista") da máquina trituradora que era e é a Direcção-Geral dos Impostos/Autoridade Tributária. Uma coisa é o acumular de papéis por uma dívida praticamente incobrável, a outra uma marcha cadenciada de multas, execuções, penhoras, custas processuais e tudo o resto. A multiplicação de casos que têm estado a obter, e compreensivelmente, maior visibilidade é notícia, tal como é notícia a decisão judicial recente que põe a tal entrega em causa e que pode pôr tudo o resto em causa (até porque as dívidas das taxas moderadoras também passaram para o Fisco), o que obrigaria a um desenvolvimento jornalístico... que parece ter ido de férias. Mas há aqui uma outra questão fundamental, e que também fica infelizmente esquecida pelos apressados jornalistas portugueses: como é que se chegou a isto&

De como 46 por cento de 601 são 100 por cento do País ou o "Correio da Manhã" a fazer de "Diário de Notícias"

A notícia: "De acordo com a sondagem, realizada nos dias 9 a 12 deste mês, 46% dos inquiridos estão contra a venda da TAP e defendem que o Estado deve manter todo o capital; 33,7% aceitam a venda parcial da companhia, ficando, no entanto, o Estado maioritário; 9,2% admitem a venda, ficando o Estado minoritário; e apenas 8,6% aceitam a venda total. (...) A amostra teve 601 entrevistas efectivas: 274 a homens e 331 a mulheres; 108 no Interior Centro Norte, 162 no Litoral Centro Norte, 92 no Sul e Ilhas, 165 em Lisboa e Setúbal e 74 no Grande Porto; 155 em aldeias, 205 em vilas e 241 em cidades." O título: "Portugueses contra privatização da TAP". Costa Cardoso

É que não sabem mesmo escrever!...

Do "Observador": "Quer apaixonar-se? Faça estas 36 questões". Traduzindo para português: "Quer apaixonar-se? Faça estas 36 perguntas". É que nem sequer é difícil... Costa Cardos

CAOS

Uma previsão meteorológica extravagante, um caso político daqueles em que o político citado se atrasa a desmentir uma notícia que o lesa ou cujo desmentido não tem o destaque correspondente, uma personalidade pública apanhada numa coisa que "parece mal" - eis três exemplos de coisas que têm circuitos de migração entre a imprensa e as redes sociais (Facebook e Twitter, em especial) que as transformam, a certa altura, em notícias e cujo prazo de validade, por dificuldades atribuíveis aos seus destinatários e propagadores, ganham uma relevância que depois lhes garante vida própria. Ou seja: o que foi notícia (ou mesmo um simples boato) em 2010 pode ser hoje afirmado no Facebook como coisa actualíssima ou chegar mesmo a um jornal outra vez como notícia, sem qualquer tipo de controlo, de verificação de factos, circunstâncias ou protagonistas (o que é favorecido pela substituição dos arquivos e dos centros de documentação dos órgãos de comunicação social pelo Google...). A sit

A falência

É certo que o futebol é uma indústria de milhões, que toda a gente gosta desta modalidade, que o jogador Cristiano Ronaldo se transformou num ídolo popular (do povo que delira com o futebol) e que até seria interessante vê-lo candidatar-se à Presidência da República (dizem-me que há já quem esteja a pensar nisso), que a esquerda ainda predominante nas redacções se esqueceu do tempo em condenava o "país dos três éfes - fado, futebol e Fátima" e declarava que "ser-se antifascista é não gostar de futebol"... mas, como ontem aconteceu, ter todos os telejornais do "prime time" a transmitirem uma cerimónia internacional de consagração do futebolista durante quase uma hora é, no mínimo, excessivo. Mas, não sendo a primeira vez que isso acontece, só confirma de novo a absoluta e deprimente falência do jornalismo português, que deixou de ter agenda própria, irreverência, autonomia dos poderes políticos e empresariais e que abunda agora em profissionais que em po

Política escondida com rabo de fora

Aumentar impostos é mau... e baixar parece que também, a avaliar pela manchete matreirinha do "Diário de Notícias": "Em ano de eleições ninguém perde dinheiro nas tabelas de IRS". Costa Cardoso

Para o "Expresso", são as famílias que fazem a retenção na fonte no IRS

Assim parece ser, segundo o "Expresso". Seguindo a lógica deste escrito, já não é o Estado que faz a retenção mas as famílias: "Taxas [de retenção] foram publicadas em 'Diário da República' e têm em conta a reforma do IRS. Famílias com filhos vão reter menos dinheiro por mês." Costa Cardoso 

PARIS JÁ NÃO ESTÁ PERTO DA PRAIA

Paris viveu a barbárie em todas as dimensões. A pata bruta do terror religioso ceifou e o mundo escancarou as bocas de admiração e pânico; de pena e indignação. As imagens correram o mundo e mundo respondeu: “eu sou Charlie”. Todos somos ainda que existam os da performance vocabular. Mal apareceu o terror tapado com um manto divino, surgiram os criadores de vocábulos extra- sensoriais. Uns como os grandes jornais estadunidenses exportaram o termo “bom senso” como se não fosse mais que um ato vulgar de autocensura. Nas suas páginas os desenhos humorísticos ou satíricos mais frontais foram barrados. Outros, com ares de sociólogos da calçada portuguesa, inventaram o perigo da Islamofobia sem se aperceber que o que pretendiam dizer era que não se deveria atacar ou condenar o mundo árabe. Eles próprios, muitos deles conhecidos agnósticos ou ateus, assumiam expressão de carater religioso. Permitindo, inocentemente, uma larva inconsciente que nos diz: “não se ironiza ou brinca com os deuses…”

Nem sequer nome têm

Tão chocante como o atentado em Paris contra um jornal humorístico é o desinteresse com que os jornais portugueses dão as notícias, já rotineiras, de meninas que são transformadas à força em "bombistas-suicidas" na Nigéria por um "alegadamente" grupo terrorista islamita. Paris fica aqui ao lado, como sempre ficou, e uma manifestação como a de ontem (domingo) tem uma carga orgiástica assinalável, mas o resto do mundo pouco interessa e o terrorismo, quer o do 11 de Setembro nos EUA (uns malandros, para a generalidade da imprensa nacional, quando não se trata de cinema ou de hambúrgueres) quer o do Boko Haram na Nigéria (são pretos, que interessam?), é sempre relativo. E, a propósito, como se chamavam essas meninas? Costa Cardoso

Título burro

No "Diário de Notícias", pois onde havia de ser: "'Star Wars' está de volta à Marvel e já vendeu mais de um milhão de cópias". Trata-se de uma revista e "cópias" é uma tradução burra do inglês. Poer cá, "cópia" é isso mesmo: uma coisa copiada. A palavra correcta é "exemplares". Ou seja, "um milhão de exemplares".  Custará muito perceberem isto? Costa Cardoso

"E não podem dedicar-se a pescar outra coisa?"

Esta pergunta devia ser obrigatória quando a imprensa aborda casos como o da interdição da pesca da sardinha (por razões que não são consensuais entre a defesa do meio ambiente e da espécie, dos postos de trabalho e do direito à iguaria). Uma manchete (no "Jornal de Notícias") como "Pesca da sardinha proibida deixa 2500 sem emprego", a seco, é, a todos os títulos, a confirmação do miserabilismo do actual jornalismo português. Costa Cardoso

Para não variar...

... eis um título tonto, à "Diário de Notícias": "Temperaturas baixas vão continuar até 12h00 de amanhã". Ou seja, vai estar mais calor a partir do meio-dia... Costa Cardoso

Para variar...

... o "Diário de Notícias" portou-se bem. Na notícia sobre a doença da mulher do primeiro-ministro (que foi primeiro citada pela revista social "Flash" em termos de escândalo público, do grupo do "Correio da Manhã") desactivou a caixa de comentários. Pelo que se pode ver no "Expresso", que não fez o mesmo, há quem una à guerrilha política o mau gosto e a desumanidade. Pode ser que na comunicação social isso consiga não prevalecer. Costa Cardoso

E riem-se

Porque será que o "povo", mesmo que apanhado em situações nada favoráveis, se ri com os dentes todos ao ser inquirido em inquéritos "de rua" para a televisão, quer diga coisas sérias e bem informadas quer diga disparates de fazer corar qualquer pessoa? Costa Cardoso 

Manada

Não revela uma grande capacidade de raciocínio ou de discernimento o comportamento de manada dos jornalistas/repórteres de som e imagem/sejam-lá-o-que-forem que cercam os advogados e que insistem em que estes lhes contem tudo em formato conferência de imprensa de ambulatório quando as circunstâncias em questão estão, mais do que obviamente, em segredo de justiça e quando, mais do que obviamente, nenhum advogado, em querendo, o fará assim "on the record". Costa Cardoso

Burrice da grossa

Faz algum sentido falar-se em "cópias" (do inglês "copies") quando em Portugal se diz "exemplares" no que se refere ao número de livros impressos com o mesmo texto básico? Uma expressão (do jornal "i") como "o livro já vendeu mais de dois milhões de cópias" só demonstra a dupla burrice, e da grossa, de quem escreve e de quem publica e a sua mais profunda ignorância. Se calhar nunca viram um livro, nem tão pouco uma cópia... Costa Cardoso

Comediantes

Deparo-me, por um acaso, com um programa (ou segmento) sobre carros e modelos novos e não deixo de me surpreender: a criatura que apresenta a coisa, descrevendo o automóvel, multiplica-se em momices, certas histriónicas, deixa-se filmar como se fosse a maior das artistas, gesticula... e metade do tempo acaba por ser sobre ela e não sobre o carro. Não sei se é jornalista, "performer", actriz. Percebo é que não passa de alguém que quer ser comediante e que acha que a informação jornalística sobre automóveis é... sobre ela própria. E nem sequer tem graça... Costa Cardoso 

E se ele lançar mesmo a sua candidatura?

José Sócrates, ex-primeiro-ministro ora arguido e detido preventivamente, confirmou — com a sua extensa declaração/entrevista dos últimos dias — que está disposto a trazer os pormenores do processo em que é arguido e a sua defesa para o domínio público. Deu alguns passos iniciais e agora mostrou-o com clareza. Não é o que prevêem os códigos e as disposições legais mas também já se viu, e a todos os níveis, que o ex-primeiro-ministro age com frequência fora dos cânones sociais.  A romaria da “nomenklatura” do PS ao Estabelecimento Prisional de Évora, pelo carácter sistemático e pela banda sonora de declarações que a tem acompanhado (e onde se destaca Mário Soares, que praticamente transformou Sócrates em “preso político”), tem adquirido a forma de uma verdadeira campanha, onde cabem todos os objectivos. O PS não dispõe de um candidato forte à Presidência da República e António Guterres remeteu-se, agora, a uma posição dúbia, de quem anda à procura de pretextos, tanto para avançar co

Delírio

Numa perspectiva compassiva poderá dizer-se que Mário Soares se encontra, pela idade e pela doença, afectado de tal modo, em termos de raciocínio e de relacionamento com o mundo que o rodeia, que o que diz se deve desculpar por ser a figura política que é, ou que foi. Numa perspectiva legal, mais chã, poderá dizer-se que já é inimputável. Em qualquer dos casos, o que o "Jornal de Notícias" (pró-PS, como o "Diário de Notícias") hoje escreve é delirante: "Em 40 dias, Mário Soares falou quatro vezes sobre a prisão de Sócrates. Este domingo, no JN, defende que o juiz [Carlos Alexandre] deve pedir desculpa ao ex-primeiro-ministro e considera que Cavaco Silva não pode continuar em silêncio." E se é certo que a imprensa não pode silenciar uma intervenção deste calibre (que transforma, definitivamente, o PS num partido defensor de uma justiça parcial e selectiva), poderemos interrogar-nos se deve dar cobertura a manifestações tão delirantes sem qualquer tipo

Não queriam é que ele fosse Presidente da República...

Os patriarcas Mário Soares, primeiro, e Manuel Alegre depois já tinham feito a primeira sugestão: a de que, quarenta anos depois do 25 de Abril, Portugal tinha o seu primeiro preso politico. Ou seja, o ex-primeiro-ministro José Sócrates. Agora, é o próprio que dá o passo seguinte, afirmando numa "entrevista": "este processo, pela sua natureza, tem contornos políticos. E digo mais: este processo é, na sua essência, político". A "entrevista" do "recluso 44" foi dada à TVI, dirigida agora por um jornalista que começou a sua carreira no PCP (em "o diário"), que foi depois director de um diário económico e que teve um alto cargo na EDP no tempo de Sócrates. Ontem, o "Correio da Manhã" afirmava que (segundo  as escutas da "Operação Marquês"), Sócrates iria aproveitar o recente congresso do PS para lançar a sua candidatura à Presidência da República. Neste processo de politização de um simples caso judicial (em que a

VIVA O ANO VELHO!

Novo ano com tudo velho. O dinheiro dos submarinos tem um rastro que não é para seguir. O Banco Novo tem bocas apetitosas que desejam encher a pança com presunto de Barrancos ou de Chaves sempre que o preço seja um não preço. Entre o Estado e fundo bancário já financiaram uma verba que possivelmente não será recuperada. Veremos que comprador oferece a cegueira de milhões que estão empatados. Depois saberemos quem realmente paga a resolução que começa a ser contestada internacionalmente. O Zé Povo poderia responder: “ são coisas do doutor primeiro-ministro e do seu banqueiro central, portanto, que a paguem eles com o corpo e a alma.” Mas, o Zé não tem voz; perde a voz quando delega através do voto e como paga adiantado, só lhe fica a arrelia de Café. Tudo velho; o Poder está onde está e nem sequer está num diminuto Primeiro-ministro que segue por convicção ou obediência cega as diretrizes da engenharia financeira internacional. “ Deus é grande!” Dizia-se e diz-se com abundancia pelos c

Menos Sr. Presidente II !!!

O Presidente Bruno de Carvalho criou inimizades nos mais variados quadrantes futebolísticos. Seria ouro sobre azul para o Sporting se ele escolhesse melhor os momentos para falar ou estar calado.       Depois das várias escaramuças que criou com ex dirigentes leoninos, dirigentes desportivos dos clubes rivais, os seus próprios jogadores, a grande maioria da comunicação social e, finalmente, com o seu treinador, agora chegou a vez de até colocar em causa a inteligência dos seus próprios adeptos.        Ao disparar para todos os lados, sem qualquer critério, inclusive contra os que o apoiam ou apoiaram, só pode ter como resultado um final asneirento e sem glória. A sua saída extemporânea,  amargurada e zangado com meio mundo, é um cenário cada vez mais provável. E é com muita pena que digo estas palavras. Reconheço valor e competência no Presidente leonino. Por isso, Sr. Bruno de Carvalho, uma vez que o seu trabalho até está a agradar uma boa parte das mentes leoninas, apelo uma seg

Aquilo em que os visitantes do detido não estão a reparar...

... É no último parágrafo de, praticamente, todas as notícias que se referem ao ex-primeiro-ministro Sócrates e actual preso preventivo. Vão lá, como se fossem secretários de Estado a despacho com um ministro, e a notícia das visitas acaba assim: "José Sócrates está preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora por suspeita de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada, num caso relacionado com alegada ocultação ilícita de património e transações financeiras no valor de vários milhões de euros". É uma forma correcta de noticiar, claro. E, a longo prazo, talvez seja mais importante como "imprinting" social do que as visitas ao detido. Costa Cardoso